Todos os agentes de combate a incêndio do Ibama devem parar de atuar e voltar para a base a partir desta quinta-feira (22/10). O órgão alega "indisponibilidade financeira" para fechar o mês de outubro. As informações constam em dois ofícios. A ordem é da Diretoria de Proteção Ambiental, que opera o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais.
Chefe do Centro Especializado Prevfogo, Ricardo Vianna Barreto assina o documento e determina "o recolhimento de todas as Brigadas de Incêndio Florestal do IBAMA para as suas respectivas Bases de origem, a partir das 00h00 (zero hora) do dia 22 de outubro de 2020, onde deverão permanecer aguardando ordens para atuação operacional em campo".
Assinada na noite dessa quarta-feira (21/10), a determinação foi encaminhada para todas as bases, incluindo o Pantanal e a Amazônia, que enfrentam uma forte onda de queimadas neste ano. A diretoria de licenciamento ambiental do órgão encaminhou um despacho, nessa quinta-feira, alegando a falta de recursos para o mês de outubro.
Mourão x Salles
No final de agosto, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, chegou a afirmar que, devido a bloqueios financeiros para o Ibama e para o Instituto Chico Mendes (ICMBio), as operações de combate ao desmatamento ilegal seriam paralisadas.
Mas o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, contestou e disse que não havia nenhum bloqueio e que Salles tinha se precipitado. A paralisação chegou a ser oficializada, mas poucas horas depois o governo voltou atrás.
Procurado pelo Correio, o Ibama alegou que a falta de recurso ocorre desde setembro. "A autarquia passa por dificuldades quanto à liberação financeira por parte da Secretaria do Tesouro Nacional. Para a manutenção de suas atividades, o Ibama tem recorrido a créditos especiais, fundos e emendas. Mesmo assim, já contabiliza R$ 19 milhões de pagamentos atrasados, o que afeta todas as diretorias e ações do instituto, inclusive, as do Prevfogo", diz, em nota.
Reação
Em nota, o Greenpeace reagiu à decisão e lembra que a Amazônia está prestes a ultrapassar, em outubro, o total de focos de calor do ano passado inteiro. "Esta é mais uma prova da política antiambiental adotada por este governo. Alegar falta de recursos para combater as queimadas, sendo que o próprio governo inviabilizou o Fundo Amazônia, que contava com mais de 1 bilhão de reais que poderiam ter sido utilizados para isso é a evidência da total falta de interesse em combater toda a destruição que, infelizmente, acompanhamos nos últimos dois anos”, diz Rômulo Batista, porta-voz da Campanha da Amazônia.