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O presidente Jair Bolsonaro em foto de 10 de novembro de 2020 (Crédito: AFP/Arquivos)
 Por Germano Oliveira                                                                                                                    

Quem puxa aos seus não degenera. Este velho ditado popular é seguido à risca na família Bolsonaro. Quando o senador Flávio Bolsonaro foi denunciado por se locupletar de um esquema de corrupção que envolvia o desvio de dinheiro do salário dos funcionários de seu gabinete de deputado estadual do Rio, ainda antes da posse de seu pai como presidente, se imaginou que essa era uma prática exclusiva do primogênito do clã Bolsonaro e que isso não teria maiores consequências para o mandato do ex-capitão. Na realidade, foi o primeiro grande escândalo do governo e que levou ao surgimento do famigerado Fabrício Queiroz, amigo de pescarias de Bolsonaro e de rolos com os filhos. Mas, até então, se imaginava que as picaretagens estavam restritas a Flávio, até que surgiram informações de que também seu irmão Carlos, vereador do Rio, fazia exatamente igual. Ou seja, desviava recursos públicos dos salários dos assessores para suas contas pessoais. Seguia o exemplo do irmão mais velho.

O modo de operação era exatamente o mesmo. O funcionário ganhava R$ 10 mil no gabinete, por exemplo, mas era obrigado a devolver mais da metade dos valores e, em muitos casos, até 80% do total, para as contas pessoais dos filhos do presidente. Foi assim que Flávio enriqueceu, comprou dezenas de apartamentos e agora, mais recentemente, adquiriu uma mansão de R$ 6 milhões no Lago Sul de Brasília, a região mais nobre da capital federal. Quase sempre, tanto Flávio, como Carlos, usavam parentes de ex-mulheres de Bolsonaro para fazer as rachadinhas. No caso de Flávio, foram desviados mais de R$ 6 milhões, segundo apurações do Ministério Público do Rio.

E é aí que entra a lição do ditado popular. Quando o filho puxa ao pai, ele cresce protegido pela sabedoria paterna. No caso dos Bolsonaro, sabemos agora, com as gravações feitas por Andrea Siqueira Valle, irmã de uma das ex-mulheres de Bolsonaro, que foi o presidente quem deu início às rachadinhas. Quando ele era deputado, exigia que os funcionários lhe devolvessem até 80% dos valores recebidos na Câmara. E isso começou ainda na década de 90, quando ele passou a ser eleito para vários mandatos de deputado. Andréa estima que Jair embolsou mais de R$ 4 milhões em salários dos parentes da ex-mulher. Descobre-se, agora, que foi Jair o precursor das rachadinhas, passando a prática de pai para filho. Dessa forma, o filho Flávio apenas é o herdeiro de uma ação criminosa introduzida pelo pai, que é o verdadeiro rei das rachadinhas.

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