Presidente Jair Bolsonaro
Por Lisandra Paraguassu
Depois que mobilizações de
caminhoneiros, insufladas por bolsonaristas, provocaram o bloqueio de estradas
em pelo menos 14 Estados, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) enviou um
áudio pedindo ao grupo que suspenda as paralisações porque podem provocar
inflação e prejudicar a economia.
“Fala para os caminhoneiros aí,
são nossos aliados, mas esses bloqueios aí atrapalham a nossa economia, isso
provoca desabastecimento, inflação. Prejudica todo mundo, especialmente os mais
pobres. Então dá um toque aí nos caras, se for possível, para liberar, tá ok,
para a gente seguir a normalidade”, disse o presidente em um áudio enviado por
mensagem a interlocutores da categoria.
Pouco depois, em vídeo divulgado
nas redes sociais, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, confirmou
a autenticidade do áudio de Bolsonaro.
“O áudio é real, é de hoje, e mostra a
preocupação do presidente com a paralisação. Essa paralisação ia agravar
efeitos na economia de inflação que ia impactar os mais pobres, os mais
vulneráveis”, disse Tarcísio.
“A gente sabe que há uma
preocupação de tentar resolver problemas graves no país, mas a gente não pode
tentar resolver um problema criando outro. Eu peço a todos que ouçam
atentamente a palavra do presidente”, acrescentou.
Na noite desta quarta-feira, o
Ministério da Infraestrutura informou que às 22h30 havia pontos de retenção em
estradas de 16 Estados, o dobro do registrado no final da tarde. Em 13 desses,
havia abordagem a outros caminhões para que aderissem ao movimento. Pontos de
bloqueio total, encontrados no Rio Grande do Sul, já teriam sido liberados.
Os protestos dos caminhoneiros,
aliados do governo, começaram um dia depois das manifestações do 7 de Setembro.
Em Brasília, o ato, patrocinado pelo presidente, foi marcado por presença
significativa de caminhões na esplanada dos ministérios, sendo que muitos
permaneceram no local ainda na quarta-feira.
Para além das pautas colocadas
pelo próprio presidente –impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal
Alexandre de Moraes e defesa do voto impresso– os caminhoneiros colocaram
também as suas, centradas na queda do preço dos combustíveis.
Em redes bolsonaristas, aparecem
várias manifestações contra o preço dos combustíveis, mas comprando a versão de
Bolsonaro, de que o alto custo seria culpa basicamente do ICMS, imposto cobrado
pelos Estados.
No áudio, Bolsonaro diz ainda que
cabe a ele negociar com autoridades para resolver o problema da categoria, mas
não cita especificamente o preço dos combustíveis.
“Deixa com a gente aqui em
Brasília agora. Não é fácil negociar, conversar por aqui com outras autoridades,
mas a gente vai fazer a nossa parte, vamos buscar uma solução para isso, tá ok?
E aproveita aí e da um abraço em meu nome em todos os caminheiros, tá ok?”,
disse o presidente.
Antes de se tornar mais um risco
para o governo, o movimento dos caminhoneiros foi usado por bolsonaristas como
o cantor Sérgio Reis como uma ameaça de parar o país para que reivindicações do
grupo fossem atendidas. Em um vídeo, Reis foi filmado dizendo que os
caminheiros iriam parar o país até que o Senado aceitasse o impeachment de
Alexandre de Moraes.