© Paulo Lopes/AFP Paulo Lopes/AFP Por Eudes Lima
A reação ao presidente, seja com a estratégia que decidiu
adotar, é tardia. Mais de uma centena de pedidos de impeachment estão dormindo
na gaveta do presidente da Câmara e todos eles foram ignorados até aqui. Os
principais referiam-se aos desmandos do presidente na pandemia, que já matou
quase 600 mil brasileiros. Talvez no período das demissões dos ministros da
Justiça, Sergio Moro, e da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, as condições
políticas pareciam ser ideais para o afastamento do presidente. Hoje, talvez, o
Congresso esteja mais aprisionado aos compromissos fisiológicos com o Planalto,
mas se faz necessário aguardar que os parlamentares pressionem Arthur Lira.
Entre as frases do presidente, a que mais deixa claro o seu
estilo de governar é quando ele afirma que só sairá da Presidência morto.
Abandonou a opção de ser preso, que até aqui é a mais viável. Promete reagir.
Assim como qualquer contraventor faria com a possibilidade real da prisão. O
passar do tempo tem acuado o chefe do clã Bolsonaro. Rachadinhas e
investigações no patrimônio apontam para negócios ilegais. A qualquer momento
um familiar pode e deve ser preso. Isso apavora o ex-capitão.
As funções de ser um dos principais apaziguadores da
República e de deter o senso da Justiça foram corrompidas pelo presidente. Ele
sabe das dificuldades e já calculou que não terá votos para ir ao segundo
turno. Pelo andar da carruagem, não conseguirá se manter no cargo. Qualquer que
seja o adversário, o capitão terá como opositor alguém que defenda a
democracia. Valor aprovado por mais de 70% da população.
O terrorismo de Estado está com os seus dias contados e cabe
às Forças Armadas fazerem esse aceno cívico. Dizer, sem meias palavras, que
defendem a Constituição e os valores democráticos construídos pela sociedade
civil. O resto é só terrorismo e os brasileiros não permitirão um retrocesso e
a volta aos anos de chumbo da ditadura.