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 © Paulo Lopes/AFP Paulo Lopes/AFP Por  Eudes Lima

O presidente Bolsonaro deu sua última cartada no novo modo de governar introduzido por ele: o terrorismo de Estado. Ao anunciar que enfrentará as determinações do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, a quem adjetivou como sendo “canalha”, o presidente estica o último centímetro de corda que estava disponível. Seus atos são guiados, exclusivamente, pela índole duvidosa. Mas não dá pra dizer que Bolsonaro seja simplesmente louco. Ele tem ciência em cada passo que dá.

A reação ao presidente, seja com a estratégia que decidiu adotar, é tardia. Mais de uma centena de pedidos de impeachment estão dormindo na gaveta do presidente da Câmara e todos eles foram ignorados até aqui. Os principais referiam-se aos desmandos do presidente na pandemia, que já matou quase 600 mil brasileiros. Talvez no período das demissões dos ministros da Justiça, Sergio Moro, e da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, as condições políticas pareciam ser ideais para o afastamento do presidente. Hoje, talvez, o Congresso esteja mais aprisionado aos compromissos fisiológicos com o Planalto, mas se faz necessário aguardar que os parlamentares pressionem Arthur Lira.

Entre as frases do presidente, a que mais deixa claro o seu estilo de governar é quando ele afirma que só sairá da Presidência morto. Abandonou a opção de ser preso, que até aqui é a mais viável. Promete reagir. Assim como qualquer contraventor faria com a possibilidade real da prisão. O passar do tempo tem acuado o chefe do clã Bolsonaro. Rachadinhas e investigações no patrimônio apontam para negócios ilegais. A qualquer momento um familiar pode e deve ser preso. Isso apavora o ex-capitão.

As funções de ser um dos principais apaziguadores da República e de deter o senso da Justiça foram corrompidas pelo presidente. Ele sabe das dificuldades e já calculou que não terá votos para ir ao segundo turno. Pelo andar da carruagem, não conseguirá se manter no cargo. Qualquer que seja o adversário, o capitão terá como opositor alguém que defenda a democracia. Valor aprovado por mais de 70% da população.

O terrorismo de Estado está com os seus dias contados e cabe às Forças Armadas fazerem esse aceno cívico. Dizer, sem meias palavras, que defendem a Constituição e os valores democráticos construídos pela sociedade civil. O resto é só terrorismo e os brasileiros não permitirão um retrocesso e a volta aos anos de chumbo da ditadura.

 Com




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