Durante o mês de abril de 2016, que culminou com o
impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o preço médio da gasolina nos postos
brasileiros era de R$ 2,69. Não foram poucos os casos de brasileiros indignados
nas bombas de combustíveis que gravavam vídeos esculhambando com a chefe do
Executivo federal, clamando por seu impedimento para que o preço do produto
recusasse.
Quem aproveitou para surfar essa onda foi o deputado federal Eduardo
Bolsonaro (PSL-SP). Ele gravou um vídeo, nos EUA, ao lado de uma amiga,
identificada como Karol Eller, protestando contra o preço “alto” da gasolina,
que à época girava em torno de R$ 2,50 no Brasil. Nas imagens, o filho 03 de
Jair Bolsonaro debocha após a mulher abastecer meio tanque e pagar US$ 12.
“Já pensou pagar R$ 24 e colocar meio tanque? Nós somos os
donos do petróleo e somos autossuficientes! Agora você tá aí pagando o preço da
Lava Jato, da corrupção do pessoal do PT lá atrás”, falou em 2016.
Sonho e promessas com Bolsonaro
O então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro
encheu a mente de seu eleitorado com sonhos em relação ao preço dos
combustíveis. Ele chegou a utilizar material de campanha que prometia o litro
da gasolina a R$ 2,50. Num evento em outubro de 2018, no auge da disputa
eleitoral, Bolsonaro disse o seguinte a líderes políticos que o apoiavam,
durante um ato de campanha no Rio:
“Se cada litro de gasolina que você paga aqui no Rio de
Janeiro, você bota R$1,60 a partir do ICMS (…) O que nós pretendemos fazer,
junto com a equipe econômica, é buscar de fato a independência do petróleo.
Sabemos a dificuldade que a empresa (Petrobras) tem de explorar, porque é uma
empresa que foi quebrada pelo PT. Mas temos que buscar uma maneira, já que
temos uma estatal que pratica o monopólio, de tirar o combustível e colocar o
combustível na bomba dos postos do Brasil com preço compatível com a realidade
brasileira.”
Realidade com Bolsonaro
O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP),
Deyvid Bacelar, explicou em entrevista à Fórum, no final de setembro, como é
formado o preço dos combustíveis no país e desmistificou as teorias de Jair
Bolsonaro que atribuem culpa a vários atores, exceto a ele mesmo.
“O verdadeiro culpado pelos sucessivos reajustes dos
combustíveis é a política de preço de paridade de importação (PPI), adotada
pela gestão da Petrobrás, que se baseia nas cotações internacionais do
petróleo, na variação do dólar e nos custos de importação, sem levar em conta
que o Brasil produz internamente cerca de 90% do petróleo que consome”, afirmou
Bacelar
O preço médio na gasolina no Brasil já bateu vários recordes em 2021 e atualmente é o maior da história: R$ 6,36 em média. Há postos de quatro estados cobrando mais de R$ 7 no litro do combustível. Os dados são da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O aumento, só de janeiro a julho deste ano, no primeiro semestre, foi de 27,51%, muito acima da inflação, que ficou em 4,76% naquele período.
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