© Tiago Queiroz/Estadão Trabalhador está perdendo o poder de compra para a inflação
Desemprego e inflação formam uma combinação corrosiva para a
renda dos trabalhadores formais. Há 12 meses as negociações salariais entre
empresas ou sindicatos patronais com sindicatos de trabalhadores não registram
aumento mediano real. Em agosto, o reajuste mediano ficou 1,4 ponto porcentual
abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), utilizado como baliza para as
negociações salariais.
De acordo com o Salariômetro, boletim mensal da Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo que
avalia convenções e acordos coletivos registrados no Ministério da Economia,
apenas 9,5% das negociações em agosto foram concluídas com ganhos reais para os
trabalhadores. A grande maioria dos empregados do País teve perda real de
rendimento.
Trabalhador está perdendo o poder de compra para a inflação©
Tiago Queiroz/Estadão Trabalhador está perdendo o poder de compra para a
inflação
Desde setembro do ano passado, o reajuste mediano negociado
nas convenções (entre sindicatos de empregadores e de empregados) e acordos
(entre empresa e sindicato de trabalhadores) coletivos tem sido igual ou menor
do que a inflação. A diferença de 1,4 ponto entre inflação e reajuste
registrada em agosto é a maior do período.
De 11 atividades em que houve negociações coletivas em
agosto, os empregados de apenas uma – comércio atacadista e varejista –
conseguiram pelo menos repor a inflação passada. Os trabalhadores do setor de
refeições coletivas tiveram a maior perda real.
Nas negociações coletivas concluídas neste ano até agosto,
aumentos reais, com correções anuais superiores à inflação acumulada nos 12
meses até o mês do acerto, foram obtidos por trabalhadores de apenas duas das
48 atividades listadas pelo Salariômetro. Mas, nessas atividades, foram
concluídas apenas 33 negociações nos oito primeiros meses do ano, período que
registra nada menos do que 9.862 convenções e acordos coletivos.
As famílias precisam recompor sua renda, mas o aumento do
custo da folha de pagamento em período de vendas e produção incertas pode
afetar as finanças das empresas empregadoras. É o quadro atual.
A persistência da inflação alta, que analistas privados
projetam em mais de 8% neste ano, do desemprego elevado e de um ritmo
declinante de expansão da economia devem manter o cenário desfavorável para os
salários reais.