Por-Eudes Lima
A fala criminosa de um youtuber a favor da criação de um
partido nazista no Brasil assustaria muito se fosse antes do governo do
presidente Bolsonaro. De 2019 para cá, saíram das trevas para se comunicar no
País uma série de defensores de discursos autoritários e antidemocráticos. A
maioria foi criada no submundo da internet, protegida pelo anonimato e covardia
tão comum ao grupo. Desta vez, o foco nos judeus foi um crimes horrendo.
Mas mulheres, LGBTs, negros, pobres, nordestinos, idosos
também são impiedosamente atacados diariamente. Mais recentemente surgiram os
haters de pessoas com deficiência. Eles se camuflam em perfis falsos nas mídias
sociais para zombar de humanos que merecem respeito mas são hospitalizados por
essa horda de criminosos. Em geral, a lei é muito branda para criminalizar e
mandar para a cadeia esses bandidos.
Com o clima de impunidade a esses criminosos, a Nação assiste
a esse festival de agressões quase que diariamente. Diálogos de ódio tomam
conta do País, tais como: “Ela não merece ser estuprada porque é muito feia”,
em ataque a uma deputada federal; ou “não vou discutir promiscuidade”, em
resposta ao questionamento se o filho poderia namorar uma mulher negra; e
ainda, “eles tiveram uma boa educação. Eu sou um pai presente, então não corro
este risco”, sobre a possibilidade de algum filho não ser heterossexual.
Todos proferidos pelo ex-capitão Jair Messias Bolsonaro e
ignorados pela Justiça, levaram o então deputado a ganhar projeção e ser eleito
presidente da República. A democracia não tolera esse tipo de comportamento e
ignorá-lo é a abertura que se dá a um espaço altamente perigoso. Quem minimiza
esses fatos passíveis de punição exemplar hoje, pode ser alvejado por ataques
semelhantes amanhã.
Em nome da liberdade de expressão, crimes têm sido
amenizados. O pacto social, ainda mais importante, no entanto, está derretendo.
Os poderes moderadores estão perdendo o controle e o super-homem de Nietzsche
vem dando as cartas. Não é possível isso aconteça numa sociedade civilizada.
Vale lembrar que o niilismo foi base dos pensamentos
autoritários da Alemanha Nazista. Os novos comportamentos nos levam a
retroceder nos avanços de relações comunitárias. São muitos anos perdidos em
muito pouco tempo. Só a derrota de Bolsonaro pode trazer alguma esperança e os
25% de intenção que ele mantém nas pesquisas mostram a ignorância dos que
compactuam com os absurdos proferidos pelo presidente.
A reação da Justiça, muitas vezes, tem sido tardia. Nos meios
de comunicação, o fenômeno de influenciadores despreparados e descompromissados
com a verdade tem se transformado em um grande problema. A maioria deles se
aproxima mais de comediantes do que propriamente de comunicadores.
Em tempo, o youtuber que defendeu o partido nazista e ofendeu
os judeus disse que estava bêbado, o que não foi suficiente para impedir que
fosse repudiado em peso em todo o País. Por Justiça, foi demitido sumariamente
afastado do blog que o abrigava.