Suspeito foi flagrado com R$ 200 mil em espécie em operação que mira deputados do PL
BRASÍLIA — A operação deflagrada pela Polícia Federal, na
última sexta-feira, para apurar supostos desvios de emendas parlamentares por
parte de deputados do PL encontrou R$ 200 mil em espécie na casa de um lobista
e ex-assessor da liderança do governo no Senado. Alvo de busca e apreensão na
ação da PF, João Batista Magalhães é apontado por investigadores como o “braço
técnico” do esquema.
De acordo com o inquérito, o lobista teria atuado como
intermediário dos parlamentares na captação de emendas do Ministério da Saúde
nos anos de 2019 e 2020. À época, Magalhães trabalhava no gabinete da liderança
do governo no Congresso, sob o comando do senador Eduardo Gomes (MDB-TO).
Procurado, o parlamentar afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que
“desconhece esse assunto e não tem essa informação”. João Batista Magalhães não
retornou aos contatos feitos pelo GLOBO até o fechamento desta edição.
A investigação chegou a Magalhães após uma análise feita no
celular apreendido do deputado Josimar Maranhãozinho (PL-MA) durante a Operação
Descalabro, deflagrada em dezembro de 2020. No aparelho, a PF localizou
diálogos nos quais Magalhães revelava que fazia contatos com diferentes
prefeituras do Maranhão e com o Ministério da Saúde para agilizar a liberação
de emendas parlamentares. Segundo os policiais, esses recursos seriam desviadas
para gerar dinheiro vivo aos integrantes do suposto esquema criminoso.
De acordo com a Polícia Federal, Magalhães negociava com
deputados do PL “a captação e o destino das emendas”. A PF sustenta ainda que
ele “conhece técnicas para camuflar a autoria das emendas e para
desburocratizar o seu envio para os municípios”.
Com base nessa suspeita, a PF cumpriu na sexta-feira passada
mandados de busca e apreensão em endereços ligados a três deputados federais do
PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, por suspeita de desvio de recursos de
emendas parlamentares. Um dos alvos foi Maranhãozinho, que já havia sido
flagrado em operação anterior da PF com uma caixa de dinheiro. Também são
investigados os deputados Bosco Costa (PL-SE) e Pastor Gildenemir (PL-MA).
A Polícia Federal relatou ao Supremo Tribunal Federal (STF)
que encontrou indícios de que o suposto esquema liderado por Maranhãozinho
teria utilizado um grupo armado, extorsões, um agiota e saques em dinheiro vivo
para desviar emendas parlamentares destinadas a prefeituras do Maranhão.