Nas últimas duas décadas, óbitos causados pela poluição aumentaram 66% no mundo. Especialistas pedem transição em massa e urgente de combustíveis fósseis para energia limpa e renovável
A poluição foi responsável por cerca de nove milhões de
mortes em 2019 – o equivalente a uma em cada seis mortes em todo o mundo. Os
dados são de um novo relatório da Comissão Lancet sobre Poluição e Saúde
publicado na revista científica The Lancet Planetary Health nesta terça-feira
(17).
O estudo, que reúne as informações mais atualizadas sobre o
problema, aponta um cenário global preocupante, indicando que o número de
mortes pela poluição permanece praticamente inalterado desde a última análise
realizada em 2015.
De acordo com o documento, embora tenha diminuído o número de
mortes por fontes de poluição associadas à pobreza extrema, como poluição do ar
doméstico e da água, essas reduções são compensadas pelo aumento de mortes
atribuíveis à poluição industrial, que inclui a poluição do ar ambiente e
química. Óbitos causados por esses fatores de risco, considerados pelos autores
consequência não intencional da industrialização e da urbanização, aumentaram
7% desde 2015 e mais de 66% desde 2000.
“Os impactos da poluição na saúde continuam enormes, e os países de baixa e média renda arcam com o peso desse fardo. Apesar de seus enormes impactos na saúde, sociais e econômicos, a prevenção da poluição é amplamente negligenciada na agenda de desenvolvimento internacional”, diz Richard Fuller, autor principal do estudo em comunicado. “A atenção e o financiamento aumentaram apenas minimamente desde 2015, apesar do aumento bem documentado da preocupação pública com a poluição e seus efeitos na saúde”, completa.