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Ronnie Lessa (à esquerda) e Rogério de Andrade são os principais alvos da operação Calígula Foto: Agência O Globo

O Ministério Público do Rio investiga se houve participação do bicheiro Rogério de Andrade como intermediário no homicídio da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes. A linha de investigação, ainda mantida em sigilo, apura se há relação entre o crime e o fato de Lessa ter ganhado “autonomia total” de Andrade para expandir os negócios de sua quadrilha para outras áreas pouco depois do assassinato

O Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) já sabe que, pouco após o homicídio de Marielle, Lessa ganhou de Andrade autorização para explorar um bingo na Barra da Tijuca. No entanto, a relação entre os dois se intensificou justamente entre abril e setembro de 2018 — meses após o crime.

Uma troca de mensagens encontrada no celular de Lessa expõe a atuação do PM na quadrilha do bicheiro à época. Na ocasião, Lessa relatou a um comparsa um encontro que teve com Andrade.

“Estou vindo de um encontro com o R. Foi bem proveitoso”, disse Lessa. O interlocutor pergunta se ambos falaram “a respeito daquela situação da Freguesia” — área onde Lessa tinha interesse em abrir bingos. “Em relação a TUDO. Está igual pinto no lixo pela parceria. Já mostrei na prática que funciona. Me deu o céu como limite. O negócio é expandir. Autonomia total”, respondeu Lessa.

Portanto, segundo o MP, Lessa teria virado uma espécie de homem de confiança de Andrade logo após a morte da vereadora, responsável por prospectar novos negócios e expandir o território da quadrilha. Agora, os promotores querem saber se a promoção de Lessa dentro da organização criminosa do bicheiro tem relação com o crime.
Facilitador

Para os promotores, no entanto, há poucos indícios que apontem para Rogério como mandante do crime. Por conta da ligação com o PM reformado na época, o bicheiro pode, segundo a investigação, ter atuado como um facilitador, dando aval para a consumação do assassinato.

— Investigamos a participação do Rogério de Andrade na morte de Marielle Franco. Essa é uma linha (de investigação). Essa investigação (Calígula), deflagrada hoje, evidencia que, no momento contemporâneo à morte da Marielle, os dois eram muito próximos — afirmou o promotor Diogo Erthal.

Em todos os depoimentos que já prestou à Justiça, Lessa negou sua relação com Rogério de Andrade. No entanto, para o MP, os laços dos dois remontam a 2009, quando o PM foi alvo de um atentado a bomba que culminou na amputação de sua perna.
‘Príncipe regente’

Meses depois, Rogério foi alvo de um atentado com o mesmo tipo de bomba, em que seu filho Diogo acabou morto. Na época, existia a suspeita de que os crimes se relacionavam e que Lessa trabalhava como segurança do bicheiro.

Gustavo de Andrade da Silva, filho de Rogério, aparece pela primeira vez ao lado do pai em uma investigação sobre um grupo responsável por explorar jogos de azar no Rio e em outros estados.

Gustavo era tratado por outros integrantes do bando, de acordo com a denúncia do Ministério Público, como “Príncipe Regente”, Filho ou Zero Dois.

Segundo o MPRJ, além de ser o segundo na hierarquia do bando chefiado por Rogério, Gustavo chegou a ficar à frente da organização criminosa durante um breve período de 2018, quando o pai foi preso ao ir depor em uma vara federal, em junho daquele ano. No documento, o herdeiro de Rogério de Andrade é apontado como o responsável por realizar reuniões para tratar da expansão dos domínios das áreas controladas pelo bicheiro.

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