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O presidente Jair Bolsonaro observa observa Pedro Guimarães, que preside a Caixa, em cerimônia no Planalto Pablo Jacob

A revelação de que funcionárias da Caixa Econômica Federal denunciaram o presidente do banco estatal, Pedro Guimarães, por assédio sexual, caiu como uma bomba no núcleo político da campanha de reeleição de Jair Bolsonaro.

À frente da Caixa: Pedro Guimarães viajou pelo país e acumulou capital político a serviço de Bolsonaro

Enquanto os aliados buscavam um fato novo para abafar as repercussões da prisão do ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, o site “Metrópoles” publicou ontem uma reportagem e depoimentos em vídeo com uma série de depoimentos de cinco vítimas (cujas identidades foram preservadas) comportamentos inapropriados de Guimarães, como convites, frases constrangedoras e toques em partes do corpo delas.

A reportagem diz que as mulheres são testemunhas de uma investigação em curso, sob sigilo, no Ministério Público Federal (MPF). O MPF do Distrito Federal afirmou que não fala sobre procedimentos sigilosos.

Denúncia de assédio: Caso é visto como 'desastre' na cúpula de campanha de Bolsonaro, e demissão é vitória da ala política

O novo escândalo no governo logo acendeu o sinal vermelho entre os aliados de Bolsonaro, que enfrenta maior resistência no eleitorado feminino, segundo as pesquisas em que figura em segundo lugar na corrida presidencial.

Assessores do presidente reproduzem a versão de que Bolsonaro disse a Guimarães que as denúncias são "inadmissíveis" e os dois concordaram com o afastamento do executivo.

Segundo o colunista do GLOBO Lauro Jardim, a demissão de Guimarães foi decidida na noite de ontem em uma conversa dele com Bolsonaro, e o executivo deve deixar o cargo hoje.

Em princípio, segundo relatos do entorno do presidente, Guimarães pedirá demissão para cuidar de sua defesa. A notícia, ainda segundo Lauro Jardim, deixou atônitos assessores do presidente durante a tarde de ontem.

Panorama parecido descreveram a colunista do Malu Gaspar e o repórter do blog dela no GLOBO Rafael Morares Moura. Segundo eles, a gravidade das denúncias levou o núcleo político da campanha de Jair Bolsonaro a pressionar pela saída imediata de Guimarães do cargo.

 

Alta rotatividade: veja os presidentes da Petrobras no governo Bolsonaro

 Roberto Castello Branco: Demitido em fevereiro de 2021, após o quarto aumento de combustíveis

Joaquim Silva e Luna: Demitido em março. Mesmo com reajustes mais esporádicos, desagradou ao cumprir política de preços

José Mauro Coelho: renunciou após forte pressão do presidente e do Congresso. Ele havia sido demitido após 40 dias

Empresa já está no quarto comandante em menos de quatro anos

Os membros da cúpula da campanha, como o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, viram as denúncias como um desastre numa campanha em que um dos maiores desafios é reverter a altíssima rejeição de Bolsonaro no eleitorado feminino – que chega a 61% entre as mulheres, segundo a última pesquisa Datafolha.

Isso poucos dias depois de o presidente desistir de convidar uma mulher, a ex-ministra Tereza Cristina, para ser sua vice, como defendia Costa Neto. Bolsonaro preferiu o general da reserva e ex-ministro Braga Netto. O recado dos aliados a Bolsonaro ontem foi claro: o presidente não poderia passar nem mais um dia fazendo campanha eleitoral enquanto Guimarães estiver no cargo.

 Nós precisávamos que algum fato viesse para desviar a atenção do caso do MEC. Mas não era bem nisso que estávamos pensando -- comentou um integrante da campanha bolsonarista ao blog de Malu Gaspar, que observou que Guimarães era o único comandante de uma grande estatal que se mantinha no cargo desde o início do governo Bolsonaro, em 2019.

 

Veja os auxiliares mais próximos do ministro Paulo Guedes que já deixaram o governo desde o início do mandato de Bolsona

Secretário de Desestatização Desinvestimento e Mercados do Ministério da Economia, Diogo Mac Cord, deixou o cargo dias depois da privatização da Eletrobras, na qual teve participação decisiva. 

Cristiano Rocha Heckert, que comandava a Secretaria de Gestão, deixou o cargo em janeiro de 2022 para assumir como diretor-presidente da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo (Funpresp-Exe)

Gustavo José Guimarães e Souza também pediu demissão do cargo de secretário de Avaliação, Planejamento, Energia e Loteria (Secap) em janeiro de 2022 para ocupar uma função no Legislativo 

De lá para cá, Guimarães se aproximou muito do presidente, a ponto de ser uma figura frequente nas transmissões semanais do presidente nas redes sociais.

Ao concentrar os pagamentos do auxílio emergencial e do Auxílio Brasil, além de outras ações populares como o saque extraordinário do FGTS e o crédito para pequenas empresas durante a pandemia, Guimarães orientava sua atuação no banco estatal para funcionar como linha auxiliar dos interesses políticos de Bolsonaro.

 Integrantes do governo também avaliaram que o presidente da Caixa deve se afastar imediatamente do cargo, e deram esse conselho ao presidente, segundo a colunista do GLOBO Bela Megale. Dois ministros e um auxiliar do presidente ouvidos pelo blog dela classificaram a situação de Guimarães como “insustentável” e defenderam a saída dele como necessária para “poupar” mais desgastes para Bolsonaro.

A Caixa negou que tivesse conhecimento do teor das denúncias e anunciou na noite de ontem o cancelamento de uma cerimônia sobre financiamento agrícola que estava marcada para hoje com a presença de Guimarães.

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