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 Guilherme de Pádua, condenado por homicídio, conta que assistiu à série sobre o crime, afirma que 'não tem como consertar o passado' e diz que apresentará fatos

Gloria Perez em depoimento à série 'Pacto brutal' foto Divulgação
Glória Perez só autorizou a produção e o lançamento da série "Pacto brutal: o assassinato de Daniella Perez", dirigida por Tatiana Issa e Guto Barra, mediante uma condição. A autora de novelas determinou que Guilherme de Pádua e Paula Thomaz, assassinos de sua filha, não fossem ouvidos pelos documentaristas. E assim foi feito.

No último domingo (24), Guilherme de Pádua usou o Instagram para reclamar que a série é "totalmente parcial", como afirmou num longo vídeo publicado na rede social. Condenado a 19 anos de prisão por homicídio duplamente qualificado, Guilherme deixou o regime fechado depois de cumprir apenas um terço da pena (menos de sete anos). Hoje, ele é pastor da Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte, em Minas Gerais.

"Tenho procurado levar a vida mais discreta possível, tentando dar um bom exemplo ou um bom testemunho, como nós dizemos na igreja. Mas eu voltei para a mídia depois de 30 anos que o crime ocorreu", disse Guilherme, acrescentando que assistiu à série disponível na HBO Max. "Inicialmente, eu estava relutante porque é muito ruim se ver numa situação em que você é o algoz, o criminoso e a pior pessoa do mundo. Não estou me fazendo de vítima, mas é óbvio que não é nada agradável esse remoer de coisas ruins. Já passei noites e noites tentando pensar numa forma de consertar, mas não tem como consertar o passado", afirmou o assassino de Daniella Perez.

O criminoso contou que, neste momento, se preocupa com o ódio, a revolta e a perseguição. "Você vai assistir a uma série totalmente parcial", reclamou Guilherme de Pádua. "Só do que eu me lembro de cabeça, consigo quebrar de forma tão devastadora algumas teses que estão sendo apresentadas. Talvez eu vá trazer algumas coisas. Não é para dizer: 'Acredite na minha versão'. É para você mesmo pensar se isso faz sentido", afirmou o ex-ator, que foi casado com a também assassina Paula Thomaz.
Guilherme de Pádua e Paula Thomaz, assassinos da atriz Daniella Perez — Foto: Arte

Guilherme de Pádua e Paula Thomaz, assassinos da atriz Daniella Perez — Foto: Arte

Em 2017, Guilherme casou pela terceira vez, com a maquiadora Juliana Lacerda. Por anos, manteve um perfil ativo no Instagram, com mais de 40 mil seguidores, e um canal no YouTube, que foram desativados em 2020, após Guilherme voltar a ser notícia por participar de um ato pró-Bolsonaro, em Brasília.

Já Paula Thomaz, que hoje atende por Paula Peixoto, após o casamento com o advogado Sérgio Peixoto, vive discretamente. Em 2021, voltou à evidência diante da notícia de que estaria preparando a filha mais nova para ser atriz. O fato gerou críticas da autora Gloria Perez, que se manifestou nas redes sociais dizendo que "essa criminosa não tem limites". Paula, então, abriu uma queixa-crime contra Gloria dizendo que passou a receber ameaças após os comentários da autora.

'Versões fantasiosas'

Diretora da série, Tatiana Issa ressalta que o caso foi julgado e que não haveria razão para dar voz aos criminosos na produção documental. Ela reforça que a história é baseada nos autos do processo e em tudo o que foi provado pela Justiça.

 Durante 30 anos, eles puderam contar a história da maneira que queriam, de forma fantasiosa e errada. Não poderíamos criticar e fazer a mesma coisa — conta.
Glória Perez  — Foto: Sérgio Zallis

Glória Perez — Foto: Sérgio Zallis


Glória Perez diz, ao GLOBO, que as colocações de Guilherme de Pádua e Paula Thomaz são "fantasiosas". A autora de novelas frisa a importância de se ater às verdades, sem dar espaço para as mentiras sustentadas pelos assassinos:
A proposta era fugir do sensacionalismo para retratar a verdade dos autos. Era o que eu queria: que as pessoas entendessem por que as muitas versões fantasiosas apresentadas pelos assassinos não se sustentaram diante do júri, e porque os dois foram condenados por homicídio duplamente qualificado — conta Gloria. — O caso foi tratado como uma extensão da novela. Se o foco vai para os autos do processo, não há espaço para ficção. A realidade se impõe.

Relembre o caso

“A verdade é uma só, as versões são muitas”, diz a escritora Gloria Perez em um depoimento na série documental “Pacto brutal: O assassinato de Daniella Perez”, que relembra o crime que chocou o Brasil há quase 30 anos.
Daniella e Gloria Perez — Foto: Paulo Rubens Fonseca / Agência O Globo
Em 28 de dezembro de 1992, a atriz e bailarina Daniella Perez deixava um dia de gravações da novela “De corpo e alma”, de autoria de sua mãe, quando foi encurralada pelo colega de elenco Guilherme de Pádua e sua então esposa, Paula Thomaz. Imobilizada e levada para um local ermo, Daniella foi morta com 18 punhaladas.

O caso teve grande cobertura na mídia, rivalizando em atenção com a renúncia do então presidente da República Fernando Collor, que ocorreu no dia seguinte ao assassinato, e com o público acompanhando as investigações e o julgamento quase como se estivesse seguindo uma ficção macabra.
 Com

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