Por-Ricardo Noblat
A ter-se as pesquisas Datafolha como referências, nada mudou
entre o fim de junho e o fim de julho nas intenções de voto dos candidatos à
Presidência da República nas eleições de outubro. Com ínfimas variações aqui e
acolá, a situação permaneceu estável.
O que é bom para Lula, que lidera com 47% das intenções de
voto, e mal para Bolsonaro, que ainda não ultrapassou a casa dos 30%. Cabe a
cada um dos candidatos criar a narrativa que melhor se ajuste à sua pretensão
de atrair mais votos para ser eleito.
Dizem os que cercam Lula que o pacote de bondades desembrulhado
por Bolsonaro não produziu os efeitos desejados por ele. Dizem os que cercam
Bolsonaro que o Auxílio Brasil de R$ 600 só produzirá efeitos quando começar a
ser pago em agosto.
Os dois lados podem ter razão em parte. O preço dos
combustíveis já baixou há semanas, nem assim Bolsonaro cresceu fora da margem
de erro. Mas é razoável prever que crescerá tão logo o dinheiro do auxílio caia
no bolso dos eleitores mais pobres.
É a economia, sempre ela, que decide a sorte das eleições. Se
a vida melhorar, o governante ganha, se piorar, perde. A vida piorou porque
Bolsonaro não soube enfrentar a pandemia da Covid, mas o pacote eleitoreiro
causará uma sensação de alívio até dezembro.
Se tal sensação será suficiente para que ele dispute o
segundo turno, essa é outra história que se conhecerá no fim de agosto, início
de setembro. Porque é disso que se trata – se haverá ou não segundo turno, se a
eleição não será liquidada logo no primeiro.
Hoje, ele admite que errou. Seu maior adversário à época,
Geraldo Alckmin, quase empatou com ele no primeiro turno. No segundo, de tanto
cometer erros primários, Alckmin conseguiu a proeza de ser menos votado do que
havia sido três semanas antes.
Lula tem errado pouco na campanha que oficialmente sequer
teve início, embora venha sendo travada por Bolsonaro desde que ele pôs os pés
no Palácio do Planalto. Bolsonaro se comporta desde então como candidato. Faz
mais campanha do que governa.
Bolsonaro tem errado mais do que se poderia imaginar. Dizem
de certos candidatos que eles dispensam assessores seja para errar ou acertar;
só fazem o que lhes passa pela cabeça. Bolsonaro é um desses. Leonel Brizola
foi outro, assim como Ciro Gomes (PDT).
Dos seus assessores políticos Bolsonaro ouviu que parasse os
ataques contra a Justiça Eleitoral, mas não parou. Sua última obra de arte foi
reunir embaixadores de outros países para ouvi-lo falar mal do seu. Não tinha
como dar certo, e não foi por falta de aviso.
Subestimou a reação da sociedade adormecida. Uma vez que ela
acordou e começou a rugir, ele está perplexo. O erro só foi menor do que sua
parceria com o vírus que matou quase 700 mil pessoas. Mas, a essa altura, pode
ter sido o erro que lhe custará a reeleição.