Pesquisa interna do partido aponta que o que mais pesa contra o presidente é o ‘despreparo’ para o cargo
Por Rafael Moraes Moura — Brasília
Uma pesquisa recente do PT identificou aquilo que os eleitores apontam como sendo o principal defeito do presidente Jair Bolsonaro: o despreparo para cumprir as funções do mais alto posto da República. A constatação, claro, vai servir de munição para a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tentar desconstruir a imagem do adversário.
Após uma série de longas entrevistas com eleitores, o que chamou a atenção da campanha do PT foi o rótulo de “despreparado” colado em Bolsonaro por diversos grupos ouvidos pelos pesquisadores.
Outros defeitos de Bolsonaro foram apontados na pesquisa qualitativa, apresentada no início deste mês ao partido, como a dificuldade de diálogo do presidente – e sua incansável capacidade de provocar instabilidade e fabricar crises. Essas falhas, no entanto, foram menos citadas que a questão do despreparo.
Segundo a pesquisa do Datafolha, 62% dos entrevistados consideram Bolsonaro despreparado.
A equipe de Lula agora traça a estratégia de como trabalhar a questão do “despreparo” durante a campanha.
A ideia é mostrar que a má condução do governo fica escancarada nos elevados índices de desemprego, na inflação alta que corrói o poder de compra das famílias e na condução desastrosa da pandemia, por exemplo. Ou seja: a população sofre com a inabilidade do presidente.
“Enquanto não faltam problemas para o Brasil, a população vê um presidente sem interesse em achar soluções concretas. Bolsonaro não cumpre o que prometeu e se juntou o com o pior dos políticos”, disse à coluna um integrante do núcleo duro da campanha de Lula.
O governo Bolsonaro em imagens
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A pesquisa interna do PT também identificou que o eleitor que abraça o bolsonarismo gosta do presidente justamente pelo jeito que ele é.
Entre os atributos do mandatário citados por esse grupo de simpatizantes estão a postura de Bolsonaro de ser “defensor da família” e “resolver os problemas na bala”, em referência à postura beligerante e pró-armas.
Do lado de Bolsonaro, os defeitos de Lula também serão usados pela campanha do PL. Apoiadores do presidente pretendem resgatar uma controversa fala de Lula sobre aborto, apostam no discurso de “ameaça comunista” e vão desenterrar os escândalos de corrupção da Lava Jato, tentando colar o selo de “ex-presidiário” no petista.
Uma pesquisa nas mãos de bolsonaristas aponta que 70% dos entrevistados dizem que não contratariam um ex-presidiário para trabalhar em suas casas. “Imagina a vergonha em ter um ex-presidiário corrupto como líder da nação”, disse à equipe da coluna o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).