A Proposta de Emenda a Constituição (Pec) que amplia os
benefícios sociais, a menos três meses da eleição, com duração de 5 meses, é
uma espécie de “mega” compra de votos institucionalizada.
Vale lembrar que não há dúvidas da necessidade da população e
da carência de políticas públicas que auxiliem os mais vulneráveis,
rapidamente, mas de maneira permanente e com planejamento.
O cenário não é ruim de agora. Porém, da forma que está sendo
feito, só cego não vê a intenção, que não tem como espinha dorsal a
sensibilidade social.
Aliás, o presidente não seria tão sensível se estivesse à
frente das pesquisas. Todos sabemos. Foca na mudança rápida de voto no Norte,
Nordeste e nos cinturões de pobreza das metrópoles Brasil afora.
O que o governo federal está fazendo, com aval de um
Congresso turbinado com verbas secretas, é distribuir dinheiro, por meio de um
banco público, a olho nu, de olho nos votos de outubro. Tudo “legalizado”.
Na conta, todos ganhando, sob a justificativa de que todos,
agora, estão sensíveis às dores financeiras dos miseráveis, pobres e “novos”
pobres.
Imagina se os governadores, pré-candidatos à reeleição,
resolvessem usar a base nas Assembleias para aprovar projetos parecidos a 90
dias da disputa?
Nesse caso, são R$ 200 a mais na conta de quem é cadastrado
no Auxílio Brasil, dinheiro para caminhoneiro, taxista, vale para quem não
consegue comprar o gás, gratuidade no transporte coletivo e outras benesses.
Para legalizar a distribuição de dinheiro, que não cai de um
helicóptero, mas é como se fosse, usou o artifício da decretação de emergência.
Drible em várias leis, entre elas a eleitoral, para dar base normativa à mega
compra de votos.
Estima-se R$ 41 bilhões até dezembro: o maior “derrame” de
dinheiro em período eleitoral da história. Pelo menos nesse formato, às claras.
Bolsonaro faz um “golaço” e dá aula para os maiores
populistas do mundo. É a cartada para ganhar a eleição e não precisar dar um
golpe.
Foi tão habilidoso que conseguiu emparedar até a oposição
que, com medo de perder votos, aceitou a “pressão” e avalizou o estelionato
eleitoral em larga escala: “ou vota a favor dos benefícios, ou será malhado em
praça pública, às vésperas da eleição”.
Quem arriscou não aceitar ? Aqui na Paraíba, apenas Frei
Anastácio (PT).
Ao menos, as medidas dão um alento durante cinco meses a
quem, de fato, está desesperado. São cinco meses a menos de penúria. Bolsonaro
aposta que com as medidas ganha a eleição. Não duvido.
Mas aposto que depois que passar a eleição a sensibilidade
social irá embora com o ano de 2022.
Por-Laerte Cerqueira & Angélica Nunes