Bolsonaro se irritou ao ser questionado sobre empresários bolsonaristas falarem em golpe de Estado caso Lula vença a eleição presidencial
O presidente Jair Bolsonaro (PL) se irritou com jornalistas,
agradou apoiadores com falas repetidas, participou de outra motociata e se
apresentou "pela primeira vez como candidato à reeleição", nesta
quinta-feira (18).
O chefe do Executivo participou de dois eventos em São José
dos Campos, no interior de São Paulo, entre o fim da manhã e o começo da tarde.
O primeiro foi uma visita ao Parque Tecnológico de São José
dos Campos, que constava em sua agenda oficial. Ele ficou no local por cerca de
uma hora -seu discursou durou pouco menos de dez' minutos.
O segundo foi o lançamento oficial da campanha do ex-ministro
Tarcísio de Freitas para o governo do estado, em uma arena da cidade, onde
falou por cerca de 15 minutos.
No auditório do parque tecnológico, Bolsonaro falou para uma
plateia de simpatizantes, que responderam com aplausos efusivos e gritos de "mito"
às suas falas contra o aborto, as drogas e a "ideologia de gênero".
Ele disse que não falaria de política, mas elogiou os seus
ex-ministros Tarcísio, aposta do presidente para gerir o estado de SP, e Marcos
Pontes (Ciência), que é candidato ao Senado.
Antes de falar ao público, porém, Bolsonaro conversou
brevemente com jornalistas que estavam lá. E se irritou ao ser questionado
sobre a notícia, divulgada pelo portal Metrópoles, de que empresários
bolsonaristas falam em golpe de Estado caso Lula vença a eleição presidencial.
"Que empresários? Qual é o nome deles?", questionou
o presidente ao ser questionado sobre o assunto. "Chega de fake news. Qual
jornalista [divulgou isso?] Toda semana quase vocês demitem um ministro meu
citando fontes palaciana", emendou ele.
Ao ser informado sobre o nome do jornalista que divulgou a
notícia, Bolsonaro menosprezou. "Guilherme Amado? Você tá de brincadeira.
Esse cara é o fim do mundo. É uma fábrica de fake news", disse o
presidente.
"Ele acusou o Lugiano Hang de dar golpe, é isso?",
perguntou ele, sem deixar o repórter explicar os indícios que constam na
notícia citada. "Mostra isso ai. Para de minhoca na cabeça."
Enquanto discutia com os jornalistas, Bolsonaro se incomodou
com alguém de sua equipe. "Ninguém bota a mão em mim! Ninguém bota a mão
em mim!", disse.
Nesse mesmo encontro com imprensa, Bolsonaro desconversou
sobre o relatório da PF (Polícia Federal) que vê indícios de crime em live na
qual ele associou Aids a vacina contra a Covid. "O relatório da PF foi em
cima da defesa da Advocacia-Geral da União.
O presidente deixou o parque tecnológico em uma motociata de
apoiadores que seguiu a estrada até chegar à Farma Conde Arena, onde ocorreu o
lançamento da campanha de Tarcísio.
As arquibancadas do ginásio estavam cheias de militantes
vestidos de verde e amarelo balançando bandeiras de candidatos a deputado
federal e estadual. O público se concentrou também em frente ao palco de onde
foram feitos os discursos. O espaço ao fundo da pista térrea, porém, ficou
vazio.
O ex-ministro da Infraestrutura foi chamado ao palco com um
vídeo no qual raios se materializavam em um martelo semelhante ao do
super-herói Thor.
O motivo: apoiadores de Tarcísio chamam ele de Thorcísio
graças ao martelo que ele batia quando fechava leilões de concessões -que são
reivindicados por sua campanha como um dos principais legados dele na pasta.
Tarcísio usou a sua fala na cerimônia para elogiar o
presidente e se mostrar próximo do seu ex-chefe.
"O capitão venceu as chagas da corrupção", afirmou
ele sobre o presidente. "O cara que cuidou quando a gente mais precisou da
nossa população. É o cara que fez transformações importantes."
Envolto em uma bandeira do estado de SP, o candidato carioca
disse que o Brasil "está precisa do de dois capitães". Um em
Brasília", disse, em referência a Bolsonaro. "E um aqui [em
SP]", seguiu, referindo-se a ele próprio, que também é militar.
Marcos Pontes, candidato ao Senado na chapa de Tarcísio, e
Felício Ramuth, postulante a vice, também discursaram, assim como Bolsonaro.
O presidente foi outra vez celebrado pelos militantes
presentes, que chegavam a fazer coreografias de dança para acompanhar o jingle
em ritmo sertanejo que diz "o capitão do povo, que vai vencer de
novo".
No discurso, Bolsonaro elogiou Tarcísio, disse que vermelho é
cor "do mal" enquanto o verde e o amarelo são "do bem" e
ressuscitou o "Foro de São Paulo".
"Façam comparações. Vejam o que está acontece do em
outros países da América do Sul. E este pessoal, todos reunido entre eles, são
integrantes do já conhecido Foro de São Paulo. Que são pessoas que lutam, sim,
não para o bem do seu povo, mas para um projeto vitalício de poder", disse.
"Se essa for a vontade do nosso Deus, eu me apresento
aqui em São Paulo, pela primeira vez, como candidato à reeleição", disse o
presidente, que foi celebrado com gritos de "mito".