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 Nascido em Salvador, o estudante Rafael Ribeiro, de 17 anos, conquistou o bronze nas competições de física e química; ele é o primeiro representante do país a alcançar o marco

Por Letícia Messias — Rio de Janeiro

Aos 17 anos, Rafael Moreno Ribeiro ganhou medalhas na Olimpíada Internacional de Física (IPhO) e na de Química (IChO) foto Arquivo pessoal

Com apenas 17 anos, o estudante Rafael Moreno Ribeiro já alcançou um marco histórico no país: ele foi o primeiro brasileiro a ganhar, ao mesmo tempo, medalhas na Olimpíada Internacional de Física (IPhO) e na de Química (IChO). Nascido em Salvador, o aluno do terceiro ano do ensino médio conquistou o bronze nas duas competições, que ocorreram em julho deste ano, com sede na Bielorrússia e na China, respectivamente. As provas, no entanto, ocorreram virtualmente devido à guerra na Ucrânia e ao lockdown provocado pela pandemia.

Mesmo sem a oportunidade de viajar aos países que promoveram os eventos, Rafael sonha em estudar fora do país e já tem feito processo seletivo para o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, em inglês), onde planeja realizar cursos como engenharia ou ciência da computação. Filho de um dentista e uma fisioterapeuta, ele diz que “de biologia eles sabem um bocado”, mas que o interesse pela ciência veio mesmo pelo apoio do irmão mais velho, o estudante Felipe Ribeiro, de 20 anos.

 Meu irmão foi quem mais me incentivou. No começo, ele me explicava física e química como se fosse mágica. Eu achava tudo muito interessante e queria entender como acontecem as coisas — disse ao GLOBO o estudante. — Mas meus pais sempre me incentivaram a seguir o caminho do estudo, porque é o certo. Nunca me cobraram que eu fosse o melhor, mas diziam que, se eu tivesse a oportunidade, deveria tentar.

‘Estou fazendo a minha parte’

O incentivo da família superou até mesmo a distância. Isso porque, aos 14 anos, Rafael saiu da casa dos pais, em Salvador, e ingressou no colégio Ari de Sá, em Fortaleza, onde passou a morar em um alojamento oferecido pela instituição. Apesar de receber apoio, o jovem destaca que a situação é “barra pesada”, com uma rotina de estudos intensa e uma cobrança pessoal ainda maior. Para descansar, ele gosta de jogar bola com os colegas da escola, encontro que ocorre todas as sextas-feiras à noite e que é definido por ele como “o melhor momento da semana”.

 A maior parte das pessoas (da escola) quer o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e estuda muito para isso. Lá, você começa a ver pessoas se dedicando mais que você e sente a cobrança e vontade para estudar mais também. Eu ficava quase o dia todo na escola, mas, no fim de semana, eu buscava relaxar — conta. — Mas sei que estou fazendo a minha parte, então o resultado final acaba não sendo de grande importância.

‘Falta incentivo para as crianças estudarem’

Rafael reconhece que sua conquistas não reflete a realidade da maior parte dos alunos do país. De acordo com ele, isso se deve, em parte, pela falta de investimento na educação básica e de incentivo para as famílias, que, muitas vezes, não têm condições de dar apoio aos filhos nos estudos. Por isso mesmo, ele pretende estudar no exterior e voltar ao país para ajudar a desenvolver a ciência no Brasil.

 Meus pais me incentivaram, mas não são todos que têm a possibilidade de fazer isso. Se a pessoa tem uma família pobre, muitas vezes é melhor colocar o filho para trabalhar do que estudar. Não dá para competir com pessoas que têm mais condições. Acho que falta incentivo para as crianças estudarem e continuarem estudando, porque tem muita desistência no caminho.

Como funcionam as olimpíadas

A Olimpíada Internacional de Física (IPhO) é uma competição voltada a estudantes do ensino médio. Considerada uma das avaliações mais tradicionais do ramo, ela ocorre anualmente e, em 2022, completou a sua 52ª edição. Os países participantes possuem delegações compostas por, no máximo, cinco alunos competidores e mais dois líderes, selecionados a partir de testes a nível nacional. Nesta última edição, todos os estudantes brasileiros selecionados para a IPhO eram de Fortaleza.

Já a Olimpíada Internacional de Química (IChO) também ocorre anualmente, mas participam apenas os quatro estudantes com melhor resultado em cada país. Segundo a organização, o objetivo é apoiar e incentivar os jovens mais talentosos do mundo — atualmente, cerca de 80 países participam da IChO. Nas duas competições, os participantes são classificados com base em pontuações individuais e, a partir disso, são concedidas medalhas de ouro, prata, bronze e menções honrosas.

Confira algumas medalhas conquistadas por Rafael:

  • Ouro na Olimpíada Brasileira de Química Júnior (OBQJr) - 2019;
  • Ouro na Olimpíada Brasileira de Química (OBQ) - 2021;
  • Ouro na Olimpíada Norte/Nordeste de Química (ONNEQ) - 2021;
  • Ouro na Olimpíada Nacional de Ciências (ONC) - 2019, 2020 e 2021
  • Medalha de Honra ao Mérito do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) - 2021;
  • Ouro na Olimpíada Brasileira de Física (OBF) - 2018, 2019, 2020 e 2021;
  • Ouro na Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas (OBFEP) - 2019
  • Ouro na Olimpíada Brasileira de Física (OBF) Bahia - 2018 e 2019;
  • Ouro na Olimpíada de Matemática do Estado da Bahia (OMEBA) - 2019;
  • Ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) - 2016, 2018, 2019, 2021 e 2022;
  • Prata na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) - 2017 e 2019;
  • Menção Honrosa na Olimpíada Asiática de Física (APhO) - 2022
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