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    Presidente Jair Bolsonaro (Foto: DOUGLAS MAGNO/AFP via Getty Images)

Poços abertos pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) foram abandonados sem a conclusão das obras no Nordeste. Resultado? A população enfrenta a falta de acesso à água potável na região.

Reportagem divulgada nesta semana pelo jornal O Estado de S. Paulo analisou contratos do governo Bolsonaro que somam R$ 1,2 bilhão para a construção de poços no sertão —programa chamado “força-tarefa das águas”.

Os documentos revelam irregularidades em pregões milionários realizados em menos de dez minutos e a reserva de dinheiro para abertura de novos poços sem que outros sejam concluídos.

A situação piora para aqueles moradores que vivem na região mais alta. De acordo com o jornal, a água retirada do poço é salobra, com gosto mineral forte e desagradável, levemente salgado. Por outro lado, a água da nascente, considerada “boa”, não tem gosto, mas é turva de terra.

Ciro Nogueira (PP-PI), ministro da Casa Civil, anunciou no ano passado que a construção de poços seria uma marca do governo Bolsonaro no Nordeste.

 No entanto, a moradora Valmira Fernandes de Araújo, de 37 anos, afirma:

“Eles abriram [poços], mas não encanaram a água para nós. A gente fica triste, porque tem água doce perto, mas não pode usar.”

A força-tarefa de abertura de poços envolveu três órgãos controlados: a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), o Dnocs e a Funasa (Fundação Nacional de Saúde).

Bolsonaro ignora a realidade. Neste ano, o mandatário chegou a participar da entrega de poços na região, e no discurso durante lançamento de sua candidatura ao Planalto, em julho, ele disse:

“Água em grande parte do Nordeste é uma realidade”, disse. “Também o nosso Exército, com a Codevasf, fura dezenas de poços todos os meses, levando dignidade a essas pessoas. Eu estou mostrando o que nós fizemos, o que pretendemos seguir fazendo.”

Bolsonaro e o ministro Ciro Nogueira não responderam aos questionamentos da reportagem.

Já a Codevasf disse que seus pregões são abertos à livre concorrência e à participação de empresas de todo o país, informou o jornal Estadão.

À imprensa, o Dnocs afirmou que "as perfurações de poços são realizadas por Termo de Cooperação firmado junto aos municípios. Cabe ao Dnocs entregar a perfuratriz ao ente municipal, que é o responsável pela execução dos serviços".

Já a Funasa, segundo o Estadão, informou que não emitiu nenhuma ordem de serviço e ainda não pagou nada para as empresas. Além disso, destacou que houve lisura e transparência no processo de seleção aberto para “concluir obras inacabadas realizadas por diversos órgãos estaduais, municipais e federais, buscando dar funcionalidade e acesso a água à população mais carente”, e reforçou que não dará andamento às contratações até que uma denúncia relacionada ao caso seja apreciada pelo TCU (Tribunal de Contas da União).

 Com

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