O general indígena que de repente descobriu que era branco
Por-Ricardo Noblat
Foi mais uma vergonha que as Forças Armadas tiveram que passar por se juntarem docilmente a Bolsonaro com o propósito de desacreditar o sistema eleitoral brasileiro.
Para elas não foi uma vergonha tão menor do que a que passou Bolsonaro em pessoa ao reunir mais de 40 embaixadores estrangeiros para falar mal do seu próprio país.
Mas igualmente foi uma vergonha, ou uma prova de falta dela. Descobriu-se que nas redes sociais o coronel assinara embaixo do comentário de que “votar no PT é exercer o direito de ser idiota”.
E que insultou a senadora Simone Tebet, candidata do MDB, PSDB e CIDADANIA a presidente da República, ao escrever: “Vaca vota em vaca”. Chamou-a de vaca, e às mulheres que votarem nela
Sant’Anna não é um militar qualquer. No Exército, depois dos soldados, vêm os cabos sargentos, tenentes, capitães, majores, tenentes-coronéis, coronéis e finalmente os generais.
O coronel Sant’Anna formou-se em engenharia de telecomunicações pelo Instituto Militar de Engenharia, onde fez doutorado. O instituto é famoso pela qualidade do seu ensino.
Não bastasse, a apenas um degrau do posto de general, o mais alto da carreira, o coronel Sant’Anna é o chefe da Divisão de Sistemas de Segurança e Cibernética da Informação do Exército.
Será punido por infringir normas do Exército? Ou o que fez ficará por isso mesmo como ficou a ida a um comício de Bolsonaro do general da ativa de triste memória Eduardo Pazuello?
O general escalou a galeria da fama como o ministro da Saúde que nunca ouvira falar do SUS e que obedecia a ordens porque tinha “juízo”. É candidato no Rio a deputado federal.
Outro general, Hamilton Mourão, é candidato a senador no Rio Grande do Sul. Seu caso é interessante. Há 4 anos, candidato a vice-presidente da República, declarou-se indígena.
Agora, trocou de cor: declarou-se branco. O Rio Grande do Sul é o segundo maior estado do país em número de brancos. Só perde para Santa Catarina. Mourão é mais um militar de juízo.