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 Economia tem dados positivos, mas longe de atingir os melhores indicadores, e há dúvidas se vão se manter no próximo ano (Por Manoel Ventura)

Jair Bolsonaro na sabatina do Jornal Nacional, quando afirmou que os número da economia 'são fantásticos'a foto Reprodução/TV Globo
 
Na entrevista ao Jornal Nacional na segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que os números da economia brasileira “são fantásticos”. Mas não é bem assim. Os dados recentes de crescimento, inflação e emprego mostram, de fato, uma recuperação econômica do país depois do pico da pandemia de Covid-19.


Mas esses números positivos ainda estão longe de ser os melhores dos últimos anos, e também há dúvidas se vão se sustentar a partir de 2023.

Tema que persegue Bolsonaro desde o ano passado, a inflação cedeu no último mês e houve deflação em julho (de 0,68%). Ou seja, houve uma queda média de preços. Esse dado, porém, não é resultado de uma redução natural dos valores de produtos e serviços ou do efeito da alta de juros promovida pelo Banco Central (BC), mas de medidas “artificiais” para conter os preços na marra.

preços — Foto: Criação O Globo


O principal fator foi o corte do ICMS, fixando um teto de 17% e 18% para o imposto sobre energia elétrica e combustíveis. A diminuição do tributo, aprovada neste ano eleitoral, foi uma estratégia adotada pelo governo e pelo Congresso para reduzir o preço dos combustíveis.

A conta, em sua maior parte, ficou com os estados, que têm nesse imposto sua principal fonte de arrecadação. Os governadores, inclusive, recorreram ao Supremo Tribunal Federal em busca de compensação. As primeiras decisões favoráveis nesse sentido começaram a ser tomadas pelos ministros da Corte, e esse assunto deve tomar as discussões tributárias durante este e o próximo ano.

Na terça-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que espera “dois ou três meses de deflação” por causa de medidas aprovadas pelo Congresso. Segundo ele, deve haver nova queda de preços em agosto, e essa tendência poderá se repetir em setembro — completando, assim, três meses de queda de preços. Um momento oportuno, pois são os meses que antecedem as eleições.

Pobres com Inflação maior

Apesar da trégua artificial, já são 11 meses seguidos com a inflação anual rodando acima de 10%, chegando a 12,13% em abril. É um patamar que representa o dobro do teto da meta oficial para 2022 (de 5%).

Nesse recorte, o Brasil tem a quarta maior inflação entre os países do G-20, grupo com as maiores economias do mundo, segundo dados do início deste mês compilados pela OCDE — no grupo, o país só tem inflação menor que Turquia, Argentina e Rússia.

Sem esquecer o perfil da inflação: muito concentrada em alimentos, que têm peso maior no orçamento das famílias mais pobres e já subiram mais de 40% desde o início da pandemia. O alívio proporcionado pelas medidas do governo foi mais dirigido para a classe média, com a queda no preço da gasolina. A expectativa do mercado é que o ano feche com uma inflação de 6,8%.
Os retrocessos no Brasil em 2022
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Pobreza, fome, educação são algumas das áreas que pioraram

Em 2023, a tendência é de uma inflação mais baixa e de um crescimento menor. Para conter a alta de preços, o BC subiu os juros a 13,75% ao ano, o maior patamar em seis anos. Juros mais altos encarecem a tomada de crédito para as famílias e o investimento para as empresas. Isso, entre outros fatores, diminui o crescimento do país — que já vem crescendo pouco.

Neste ano, a expectativa é de uma alta de 2% no PIB. Em contrapartida, para 2023, as estimativas estão piorando em meio ao cenário conturbado tanto no mercado interno quanto no externo, que é recessivo. Desde abril, o mercado reduz semanalmente as expectativas de crescimento para o próximo ano, que já estão em 0,4%.

O mercado de trabalho melhorou. A taxa de desemprego caiu para 9,3% no trimestre encerrado em junho, menor patamar para um segundo trimestre desde 2015. A melhora veio do setor de serviços, que voltou a funcionar de forma plena este ano.

A retomada das atividades tem ajudado o mercado de trabalho. Mesmo assim, há 10,1 milhões de pessoas desempregadas. O trimestre encerrado em junho foi o menor índice de desemprego experimentado durante o governo Bolsonaro.

Esses números escondem, porém, um cenário de precariedade no trabalho e de queda de rendimento. O número de trabalhadores informais, 39,3 milhões, é o maior da série, iniciada em 2012, levando a taxa de informalidade a 40%.

Com a inflação em alta e as demissões ocorridas na pandemia (seguidas de contratações por salário menores), o rendimento do trabalho é estimado em R$ 2.652. Uma queda de 5,1% em um ano.

Do lado das contas públicas, 2022 vai terminar com o primeiro superávit primário (antes do pagamento de juros) desde 2013, número influenciado por receitas extraordinárias (como a venda da Eletrobras e os dividendos da Petrobras) e pela própria inflação — que aumenta a receita com impostos.

O número positivo deste ano, porém, não é estrutural nem deve se repetir em 2023, quando há dúvidas sobre como serão financiados programas como o Auxílio Brasil de R$ 600.

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