Por-FABIO SERAPIÃO
A Polícia Federal cumpre na manhã desta terça (23) mandados
de busca contra empresários que em um grupo de mensagens defenderam um golpe de
Estado caso o ex-presidente Lula (PT) vença Jair Bolsonaro nas eleições
presidenciais.
Entre os alvos estão Luciano Hang, da Havan, José Isaac
Peres, da rede de shopping Multiplan, Ivan Wrobel, da Construtora W3, José
Koury, do Barra World Shopping, André Tissot, do Grupo Serra, Meyer Nigri, da
Tecnisa, Marco Aurélio Raimundo, da Mormai, e Afrânio Barreira, do Grupo Coco
Bambu.
Após a divulgação das mensagens que defendiam golpe, Luciano
Hang, dono da Havan, confirmou ao jornal Folha de S.Paulo que integra o grupo,
mas disse que quase nunca se manifesta e em momento algum falou sobre os
Poderes.
"Vejo que meu nome vende jornal e gera cliques. Me
envolvem em toda polêmica possível, mesmo eu não tendo nada a ver com a
história", disse Hang à Folha de S.Paulo. "Sou pela democracia,
liberdade, ordem e progresso."
Questionada sobre as manifestações do fundador no grupo de
empresários, a assessoria da Tecnisa informou que a companhia "não fala em
nome de Meyer Nigri" e que ele "não é porta-voz da empresa".
Afrânio Barreira, do grupo Coco Bambu, divulgou nota no qual
afirma que nunca se manifestou a favor de qualquer conduta que não seja
institucional e democrática. Acrescenta que ações que visem a romper com a
democracia não correspondem ao seu pensamento e posicionamento.
"A democracia é a chave para construção de um Brasil melhor.
Valorizo, e muito, a oportunidade de conseguir votar e escolher os
representantes de nosso povo brasileiro, e todo cidadão deveria ter a
consciência da importância deste momento. Valorizo e sempre defenderei um
processo eleitoral honesto e justo", afirmou o empresário, que acrescenta
muitas vezes se manifestar com reações em "emoticon" a alguma
mensagem, mas sem necessariamente estar endossando seu teor, ou ter lido todo o
seu conteúdo.
"Não somos conspiradores nem a favor de nenhum
golpe", disse o empresário José Koury, por meio de nota encaminhada por
sua equipe de comunicação. "As mensagens obtidas em um grupo privado de
amigos do WhatsApp foram deturpadas em seu sentido e contexto." Ainda
segundo ele, os empresários são contra qualquer tipo de ditadura. Ele também
disse que não iria comentar mais sobre o assunto.
A preocupação com investidas frequentes de grupos
bolsonaristas contra a democracia levou entidades empresariais e da sociedade
civil, políticos e cidadãos a endossarem cartas em defesa do Estado de Direito
democrático no Brasil.
Ao Metrópoles, alguns empresários também se manifestaram negando que defendem um golpe de Estado ou que apoiam atos que sejam ilegítimos, ilegais ou violentos.