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 Que Lula e Bolsonaro não se queixem. Um escolheu o outro como adversário. Ao fim e ao cabo, um terá errado

Por-Ricardo Noblat

Em 22 de agosto de 2018, preso há 143 dias em Curitiba, Lula celebrou a pesquisa do Instituto Datafolha que lhe deu 39% das intenções de voto contra 19% de Bolsonaro, 8% de Marina Silva (Rede), 6% de Geraldo Alckmin (PSDB) 5% de Ciro Gomes (PDT).

Foi a última pesquisa daquele ano em que apareceu o nome de Lula, impedido pela Justiça de candidatar-se. Bolsonaro seria esfaqueado em Juiz de Fora, Minas Gerais, no dia 6 de setembro; e Fernando Haddad lançado candidato do PT a presidente no dia 11.

Lula ficou 580 dias preso, sendo libertado em 8 de novembro de 2019 por decisão do Supremo Tribunal. Bolsonaro governava há 431 dias. Ontem, ele completou 1.337 dias na presidência, e nem por isso alcançou Lula na avaliação dos eleitores.

Segundo a mais recente pesquisa do Ipec, ex-Ibope, Lula tem 44% das intenções de voto contra 32% de Bolsonaro, que se esforça para que a eleição não seja liquidada no primeiro turno. Os dois mantiveram os mesmos índices da pesquisa Ipec de há 15 dias.

Entre os que recebem algum tipo de benefício federal, Bolsonaro oscilou de 27% para 29%, dentro da margem de erro de 3 pontos. Nesse segmento, Lula tem 52%, mesmo índice da pesquisa de 15 dias atrás. A rejeição a Lula cresceu 3 pontos. A de Bolsonaro, 1.

A aprovação geral ao governo Bolsonaro oscilou para cima, de 29% para 31%. A desaprovação segue em 43%. A essa altura do ano eleitoral, nenhum presidente candidato à reeleição estava atrás nas pesquisas. E todos se reelegeram. Bolsonaro conseguirá?

O reflexo nas pesquisas de benefícios distribuídos pelo governo leva algum tempo para surtir efeito. Em 2020, por exemplo, quando o governo Bolsonaro lançou o Auxílio Emergencial, foram quatro meses até a aprovação do governo superar a desaprovação.

O Auxílio Brasil de R$ 600 para os brasileiros de baixa renda talvez tenha chegado tarde, assim como a redução dos preços dos combustíveis. É fato que caiu de 41 pontos para 32 a vantagem de Lula sobre Bolsonaro entre os que ganham até 1 salário mínimo.

Mas é fato também que há 15 dias, Bolsonaro vencia Lula por 41% a 32% entre os eleitores com renda de 2 a 5 salários mínimos, e agora perde de 39% a 37%. Nas capitais, Bolsonaro passou de 31% para 36% e Lula recuou de 44% para 38%.

Porém, nas periferias (municípios da região metropolitana das capitais), Lula subiu de 44% para 48%, enquanto Bolsonaro caiu de 28% para 25%. Lula aumentou de 11 para 13 pontos a distância para Bolsonaro em cidades do interior do país (45% a 32%).

Jornalista ama novidades. Mas do ponto de vista de intenções de votos, novidades não há desde que Lula, há 4 anos e mesmo preso, derrotava Bolsonaro por 39% a 19%, faltando 46 dias para as eleições realizadas em 7 de outubro. Agora, faltam 32 dias.

 

E mais de 70% dos eleitores dizem que já definiram seu voto.


Com 
 

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