Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que participam do
evento de comemoração do 7 de Setembro em Brasília exibiram faixas com
mensagens de ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e pedidos de intervenção
militar.
Eleições: Bolsonaro usa 7 de setembro para impulsionar
campanha em meio à tensão com STF e estagnação nas pesquisas
Um dos cartazes colocados em uma das arquibancadas na
Esplanada dos Ministérios dizia, por exemplo, "intervenção no STF".
Outras faixa solicitava que o presidente Jair Bolsonaro acione as Forças
Armadas para "colocar ordem nesse país".
Outros manifestantes também solicitaram que o presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco (PSDB-MG), aceitasse os pedidos de impeachment
apresentados contra ministros do STF. O próprio Bolsonaro havia protocolado um
pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes em agosto do ano
passado, mas foi rejeitado por Pacheco, que não viu nenhum elemento de crime de
responsabilidade.
A reportagem do GLOBO
identificou ao menos oito faixas com esses pedidos em tom antidemocrático.
Em um determinado momento, manifestantes abriram uma faixa no
meio do público no qual pediam uma intervenção militar, mas foram criticados
por outros participantes do ato. Aos gritos, pediram que a faixa fosse
recolhida, o que acabou ocorrendo.
A possibilidade de que o evento do 7 de Setembro resultasse
em atos antidemocráticos chegou a motivar o ministro Alexandre de Moraes a
determinar uma operação de busca e apreensão, no mês passado, contra oito
empresários bolsonaristas que seriam suspeitos de financiar esses atos. A ação
acirrou o clima com o presidente Jair Bolsonaro, que passou a fazer críticas à
operação e defender publicamente os empresários.
No ano passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR)
identificou que manifestantes pretendiam fechar estradas para pedir a deposição
e o impeachment de ministros do STF, por isso deflagrou uma investigação contra
os líderes do movimento. Na ocasião, o líder caminhoneiro Marcos Antônio
Pereira Gomes, o Zé Trovão, teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de
Moraes, mas fugiu para o México.
Em 2020, Bolsonaro participou de um evento de comemoração ao
dia do Exército, em 19 de abril, também marcado por ataques às instituições.
Por isso, a PGR pediu a abertura de um inquérito para apurar a organização e o
financiamento desses atos antidemocráticos.
Neste ano, entretanto, a PGR não tomou nenhuma medida para
apuração de eventuais atos antidemocráticos. Em discurso feito no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), o procurador-geral da República Augusto Aras afirmou
no mês passado estar "atento a qualquer risco" relacionado ao 7 de
Setembro.