"O presidente da República tem a violência como projeto.
Por isso fez o incessante trabalho de ampliar o acesso às armas, vociferar
contra pessoas que ele escolhe como alvo e jamais desautorizar ato truculento
de seus seguidores", diz a jornalista Míriam Leitão em artigo publicado
nesta quinta-feira (15) no jornal O Globo.
Ela comenta a agressão do deputado estadual Douglas Garcia
(Republicanos-SP) contra a jornalista Vera Magalhães e diz que "Bolsonaro
escolheu a imprensa como um dos alvos, e dentro dela mira pessoas, porque assim
é o método. Ao individualizar, ele autoriza o ataque e canaliza a raiva que ele
alimenta com fins políticos".
"O governante autoritário quer eliminar a imprensa e
para isso começa intimidando alguns jornalistas", diz Míriam Leitão, que
prossegue: "não por acaso as pessoas escolhidas para serem assediadas pelo
presidente e por seus seguidores são mulheres. Bolsonaro com sua aversão às
mulheres organiza a misoginia e alimenta o ressentimento contra o avanço
feminino".
alheio. É isso que explica sua louvação da tortura. Mas é
preciso ver além da perversão. O trabalho de Bolsonaro tem tido um objetivo,
uma direção, é parte do projeto maior de elevar o conflito dentro da sociedade
brasileira e realizar seu sonho autoritário para o Brasil", afirma a
jornalista.
Ela aponta que Bolsonaro quer provocar uma guerra civil no
país e diz que a "democracia" errou ao não puni-lo no passado.
"O livro de Juliana Dal Piva sobre a corrupção da família Bolsonaro, 'O
negócio do Jair', resgata a frase que ele disse em uma entrevista à Bandeirantes,
em 1999. 'Através do voto, você não vai mudar nada neste país. Nada,
absolutamente nada. Você só vai mudar, infelizmente, quando nós partirmos para
a guerra civil aqui dentro. E fazendo um trabalho que o regime militar não fez.
Matando 30 mil pessoas e começando por FHC'. Esse indicador antecedente do seu
projeto deveria ter sido punido com o rigor da lei. Era uma pessoa com mandato
que em uma única declaração defendia a morte do então presidente, lamentava não
terem morrido outros 30 mil e propunha a guerra civil. Não levar a sério um
inimigo declarado e violento da democracia foi um dos erros da democracia em
relação a Jair Bolsonaro".
"Há um processo para o qual o país está sendo arrastado, com a conivência das Forças Armadas, a displicência de algumas instituições e autoridades, a bênção de algumas igrejas. Esse é o golpe. O Brasil está vivendo neste momento o maior risco desde a sua constituição como Estado independente. O que quer Bolsonaro? Ele mesmo disse há 25 anos. Uma guerra civil", conclui.