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 É inconcebível transformar forças armadas em uma espécie de VAR eleitoral para validar resultados

Por Ricardo Melo
A confiar nas pesquisas, Lula é o favorito disparado para começar a tirar o país das trevas destes últimos anos. A dúvida é se o ex-presidente liquida a fatura no primeiro ou segundo turno. E se as Forças Armadas respeitarão a democracia, ou a atacarão.

Bolsonaro já tentou tudo. Raspou o caixa do Tesouro (dinheiro do povo) com medidas abertamente eleitoreiras e com prazo de validade – dezembro. Nem sequer esconde o lado em que está. Entre suas últimas medidas, praticamente liquidou a Farmácia Popular e o Minha Casa, Minha Vida, acena com a anistia aos desmatadores e turbina sem parar o orçamento secreto para acomodar parlamentares ávidos pela própria reeleição. Para não falar de todo o resto destes quatro anos.

Os efeitos foram nulos. Sem respaldo no Brasil, Bolsonaro resolveu ir ao exterior. A tournée pela Grã-Bretanha apenas acrescentou novos vexames. Num momento fúnebre, riu que nem uma hiena ao cumprimentar o novo rei, Charles III. Transformou a embaixada brasileira em palanque eleitoral. Na ONU, em Nova York, fez o que sabe fazer de melhor: mentiu, mentiu e mentiu.

Resta uma derradeira bala na sua metralhadora antipovo. As Forças Armadas.

Incapaz de questionar a eficácia das urnas eletrônicas, Bolsonaro transformou o pessoal verde oliva em “fiadores” do pleito. Com o aval das chamadas “instituições”, lotou as repartições eleitorais de gente fardada para atestar a lisura dos votos depositados em 2 de outubro. O Tribunal Superior Eleitoral acoelhou-se e cedeu vários privilégios ao pessoal de coturno para vigiar o pleito.

Por si só, trata-se de um escândalo. Numa democracia, mesmo de fachada, eleições são assunto civil. É inconcebível transformar militares em uma espécie de VAR eleitoral para validar resultados. Mas o TSE e o STF vêm aceitando o papel. Calam-se diante da sucessão infindável dos crimes eleitorais e outros tantos cometidos por Bolsonaro. De fato, engolem que a caserna seja a última palavra sobre um evento da esfera civil.

Da maneira como estão as coisas, qualquer militar pode sabotar o processo. Equipamentos eletrônicos sempre estão sujeitos a uma pane imprevisível (quantas vezes vc já não foi obrigado a dar um reset no seu micro?) Nem precisa de hacker.

Qualquer recruta mal-intencionado (leia-se: bolsonarista) é capaz de desligar um fio, inserir um comando na “apuração paralela” e falsificar dados apenas para melar as eleições; argumentar que os números não batem e assim instalar um tumulto de consequências imprevisíveis.

Bolsonaro é mestre nisso. Planejou bombardear quartéis e explodir adutoras quando estava no Exército. Foi expulso “à francesa”. Usou arapongas da Abin para se infiltrar na Polícia Federal. Não há limites para Bolsonaro. Seu staff militar é composto, em sua maioria, por gente que horrorizou o Haiti em nome da paz, a começar de Augusto Heleno. Até um traficante de drogas fardado se infiltrou na comitiva presidencial em viagem à Espanha.

O atual ministro da Defesa é um bolsonarista de quatro costados. Não poupará, como não tem poupado, esforços para desqualificar as eleições.

 Todo cuidado é pouco.

 Com

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