Proposta feita a Moraes visa evitar que colecionadores, atiradores e caçadores circulem com armas na data
Para circularem com armas, os CACs precisam carregar uma guia
de trânsito e apresentar como justificativa o fato de que estão indo caçar ou
treinar. Com os clubes fechados, não haveria motivo para tirar a arma do local
onde é guardada.
Delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso e presidente
do conselho, Mário Dermeval afirmou ao R7 que Moraes ouviu a proposta, que
partiu de alguns participantes da reunião, e a "achou interessante",
mas não deu garantias de que ela seja efetivada.
O último Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado
em junho, mostrou que o número de pessoas físicas com registro de colecionador,
atirador e caçador saltou de 117.467 para 515.253 entre 2018 e 2021, um
crescimento de 338%. Além disso, como já mostrado pelo R7, nesse mesmo período
houve um aumento de 333% no número de novos registros de armas para CACs.
Esse aumento de armas em circulação preocupa os policiais
civis. "Alguns cuidados preventivos precisam ocorrer. Essa é a primeira
eleição após a explosão de CACs. Então, não sabemos o reflexo. Seria uma
providência para evitar qualquer tipo de aborrecimento", disse Mário
Dermeval ao R7. De acordo com ele, essa é uma grande preocupação
"considerando o fato de que hoje qualquer CAC pode transportar arma de
fogo, desde que esteja portando uma guia de trânsito".
"Os delegados apresentaram essa preocupação principalmente
com o dia da eleição. Isso [acesso a armas] poderia facilitar a prática de
ameaça de forma bem mais complicada. Houve esse posicionamento e foi proposto
ao ministro a verificação do funcionamento dos clubes de tiro no dia da
eleição, mas isso cabe ao TSE", explicou o presidente do conselho.
No mês passado, o TSE já proibiu o porte de arma nos locais
de votação nas eleições e a um raio de 100 metros desses espaços. Entre as
justificativas para a regra, o relator, ministro Ricardo Lewandowski, falou
sobre o aumento da violência política e citou os CACs.
"São alarmantes os números concernentes aos estoques de
armas de fogo em poder da população, sobretudo pela facilidade dos registros
concedidos a supostos caçadores, atiradores desportivos e colecionadores,
abrigados sob a cada vez mais conhecida e malfalada sigla 'CACs', que vem
despertando crescentes suspeitas quanto às suas reais finalidades", disse
o ministro na ocasião.
A reunião dos policiais civis com Moraes durou cerca de três
horas. Na ocasião, o Comitê Nacional de Inteligência, ligado ao conselho,
apresentou um levantamento que mostra que não há registro de grupos armados nem
nenhuma movimentação organizada para cometer violência política nos estados.
Também foram discutidos assuntos gerais sobre as
responsabilidades dos policiais civis no dia da eleição. A decisão do TSE de
vedar pessoas armadas no local de votação vale também para policiais, exceto em
casos em que tenham sido convocados pela autoridade eleitoral ou pelo
presidente da mesa receptora. Essa questão é alvo de críticas por parte de
policiais e também foi conversada no encontro com Moraes.
Ao final do encontro, foi criado um grupo de delegados e diretores de inteligência de cinco estados para monitorar, até o fim do segundo turno, juntamente com integrantes do TSE, todas as informações sobre violência política no país.