O diário classifica Bolsonaro como "um líder imprudente e incompetente", que continua "sendo uma ameaça à democracia e ao planeta"
Em editorial publicado nesta terça-feira (13), o jornal
britânico The Guardian defendeu a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), líder na disputa das eleições de 2022 para o cargo máximo do país
contra o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição.
"Há quatro anos, muitos brasileiros encaravam a
perspectiva de uma vitória do candidato presidencial de extrema-direita Jair
Bolsonaro primeiro com incredulidade e depois – com razão – com horror. À
medida que as eleições de 2 de outubro se aproximam, o medo de que ele
permaneça no poder é ainda maior", inicia o texto.
Em seguida, o diário classifica Bolsonaro como "um líder
imprudente e incompetente", que continua "sendo uma ameaça à
democracia e ao planeta", citando a incitação à destruição da floresta
amazônica por parte de seus apoiadores.
Bolsonaro volta a
adotar tom de ameaça e diz a apoiadores: "esperem acabar as eleições"
"O perigo é que Bolsonaro considere a votação real como
uma irrelevância. Cerca de um milhão de cidadãos – incluindo figuras
importantes dos negócios, da política, da ciência e das artes – assinaram um
manifesto alertando que a democracia enfrenta 'imenso perigo'", diz o
editorial, aludindo à carta da Universidade de São Paulo (USP).
A publicação aponta
algumas medidas econômicas tomadas pelo governo Bolsonaro ante o resultado das
pesquisas, como os cortes abruptos dos impostos sobre combustíveis, os
programas sociais para famílias pobres e o cortejo a igrejas evangélicas.
As ações são tomadas, segundo o Guardian, "enquanto [Bolsonaro] difama seu rival esquerdista essencialmente pragmático – que foi preso por corrupção, mas depois viu suas condenações anuladas – como um ideólogo enlouquecido".
O diário britânico
cita o desemprego, a inflação de dois dígitos, as mais de 684 mil mortes por
Covid-19 enquanto o presidente zombava de máscaras e de vacinas, além da compra
de imóveis pelo clã Bolsonaro, sendo 51 de 107 em dinheiro vivo, e indica que
as medidas são vistas com cinismo pelos eleitores devido a essas questões
apontadas.
O apoio das Forças Armadas e o receio de que Bolsonaro aja
tal como Donald Trump durante a invasão do Capitólio, incitando seus seguidores
para medidas violentas, também são indicados como fatores que causam
preocupação.
As mortes do dirigente do PT, Marcelo Arruda, e de outro
defensor do partido (ambas perpetradas por apoiadores do atual presidente)
também são elencadas.
"Uma vitória clara e definitiva de Lula, idealmente no primeiro turno, mas mais provável no segundo turno, é o melhor resultado para a democracia brasileira e para o planeta. Outros países devem deixar claro que não tolerarão qualquer tentativa de Bolsonaro de trapacear, intimidar ou ameaçar seu caminho para um segundo mandato", conclui o texto.