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 Homens de confiança do presidente devem preencher oito vagas de assessoria pagas pelo governo a que ele terá direito Por-Jussara Soares e Daniel Gullino — Brasília

     Max Guilherme e Tercio Arnaud foto Infoglobo

Quando deixar o Palácio do Planalto e ficar sem cargo público pela primeira vez em 34 anos, o presidente Jair Bolsonaro deverá continuar sendo assessorado por um grupo de auxiliares que foi bem próximo a ele durante o governo. Na condição de ex-mandatário, ele terá direito a nomear oito ajudantes remunerados pelos cofres públicos, e cinco dessas vagas já estão praticamente preenchidas pelos atuais assessores Tércio Arnaud, João Henrique de Freitas, Marcelo da Costa Câmara, Sérgio Cordeiro e Max Guilherme. Além do salário, que pode chegar a R$ 13,6 mil, o grupo terá despesas com passagens aéreas e diárias de viagens pagas pelo governo, conforme prevê a lei.

A lista dos assessores que seguirão com Bolsonaro ainda não está fechada e pode passar por mudanças pontuais. Porém, segundo interlocutores, na hora de formulá-la, o presidente levou em consideração a relação de longa data e aqueles que atuaram ao seu lado desde a campanha de 2018.

Dois desses auxiliares de Bolsonaro, Tércio e Max, chegaram a deixar o governo no início deste ano para disputar as eleições, mas saíram derrotados nas urnas. Após esse revés, porém, foram novamente nomeados para dar expediente no gabinete presidencial, retornando aos antigos cargos.

Próximo ao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente, Tércio é um dos responsáveis por alimentar as redes de Bolsonaro, ajudar nas transmissões ao vivo e informar sobre assuntos discutidos pela militância. O assessor, que despacha no Palácio do Planalto, já foi apontado pela CPI da Covid como responsável por divulgar notícias falsas sobre a pandemia e como integrante do “gabinete do ódio”, um grupo informal que orquestrava ataques a adversários políticos do mandatário. A ideia é que o ajudante siga atuando na estratégia digital de seu chefe para mobilizar apoiadores e questionar o futuro governo Lula (PT).

“Lealdade e gratidão”

Max Guilherme, por sua vez, deverá ficar com uma das quatro vagas destinadas à “segurança e apoio pessoal” de ex-presidentes. Sargento licenciado e ex-integrante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) no Rio, ele tentou se eleger deputado federal pelo PL, mas obteve apenas nove mil votos. Integrantes do governo apontam o ex-policial com um dos responsáveis por inflamar Bolsonaro no dia a dia.

Na semana passada, Max publicou em suas redes sociais uma foto ao lado do presidente durante cerimônia na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende, no Rio de Janeiro. “Até quando Deus assim permitir, estarei sempre com o Presidente Bolsonaro. Lealdade e gratidão ao maior líder que esse país tem”, escreveu o assessor.

Ao lado de Max, na mesma função, estará outro aliado do presidente: o capitão reformado do Exército Sérgio Cordeiro, que trabalhou com Bolsonaro em 2018 e depois ganhou cargos no gabinete presidencial. Em seu currículo, o militar destaca que já atuou na segurança de ex-mandatários e do embaixador do Brasil na Colômbia. Foi na casa de Cordeiro que Bolsonaro passou a gravar suas lives durante as eleições deste ano após ser proibido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de usar a estrutura do Palácio da Alvorada para promover candidatos do seu partido.

Fui no capitão Cordeiro. É um grandão aí. Faz parte da minha segurança. Conheço ele desde terceiro sargento no Exército, foi meu colega da brigada paraquedista e é uma pessoa bastante discreta. Ele me dá tranquilidade quando viaja comigo — disse o presidente, em 9 de outubro, depois de deixar a residência do seu assessor.

Câmara é outro militar da reserva que Bolsonaro deverá levar para sua equipe após deixar o Palácio do Planalto. Coronel do Exército, o assessor foi nomeado no gabinete presidencial em 2019 e é apontado como o responsável por fornecer uma espécie de “serviço de inteligência” informal para o presidente, que pedia para o seu auxiliar checar informações e denúncias que recebia em mensagens de WhatsApp.

“Olhos” do presidente

Outro nome cotado a seguir com Bolsonaro é o advogado João Henrique de Freitas, assessor-chefe da Presidência e que também já atuou na subchefia de Assuntos Jurídicos (SAJ). O auxiliar já foi assessor jurídico do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de 2005 a 2012, quando o parlamentar ocupava uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Recentemente, Freitas também foi indicado para ocupar uma vaga na Comissão de Ética Pública (CEP), com mandato de três anos, mas sem remuneração. A CEP é responsável por analisar a conduta de servidores públicos federais. Ele deverá cuidar da vida administrativa do futuro ex-presidente, que pretende organizar uma agenda de viagens pelo Brasil.

Apesar da relação estreita que desenvolveu com Bolsonaro, o ajudante de ordens Mauro Cid seguirá um rumo diferente. O tenente-coronel deverá assumir, em janeiro, um dos batalhões do Exército em Goiânia. A mudança de rota já estava prevista. O militar quer chegar ao posto de general, a mais alta patente da Força. Integrantes da caserna, porém, citam que a atuação de Cid ao lado de Bolsonaro pode ter custado o sonho de alcançar o generalato.

Além dos auxiliares, Bolsonaro terá uma remuneração garantida. O presidente vai acumular duas aposentadorias, de deputado — concedido pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a pedido do presidente — e militar, que devem somar em torno de R$ 42 mil. Além disso, foi convidado para ser presidente de honra do PL. O salário não foi divulgado, mais deverá ser próximo a R$ 39 mil.

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