Gabinete de Segurança Institucional estuda modificar o protocolo para evitar novos atos criminosos contra os Três Poderes
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) estuda adotar
novas medidas para aperfeiçoar a proteção e a vigilância do Palácio do
Planalto, sede do governo federal em Brasília, depois da invasão e destruição
do edifício no último domingo (8). As informações são de interlocutores da
Presidência da República.
Uma das medidas analisadas pela equipe comandada pelo
ministro do GSI, o general Gonçalves Dias, é a instalação de câmeras de
segurança mais modernas no prédio, inclusive com tecnologia de reconhecimento
facial.
Se um dispositivo como este já estivesse em funcionamento no
Planalto, os criminosos que invadiram e depredaram o palácio no domingo
poderiam ser mais facilmente identificados e punidos pelas autoridades.
A ideia de aprimorar a vigilância dos edifícios da
Presidência da República não é nova. Em dezembro de 2020, o GSI chegou a
publicar um edital para a compra de um sistema de videomonitoramento com
câmeras com tecnologia de reconhecimento facial para o Palácio do Planalto, o
Palácio da Alvorada, o Palácio do Jaburu e para a Granja do Torto.
O edital previa a compra de um sistema de reconhecimento
facial que permitisse superar desvios da imagem de referência, ou seja,
alterações na aparência das pessoas, como mudanças de barba, penteado ou
causadas pelo envelhecimento.
A previsão de gasto era de R$ 10,6 milhões. Dias depois, no
entanto, a licitação foi suspensa e nunca mais retomada.
O GSI estuda ainda aumentar o efetivo de militares que
integram os batalhões que fazem a proteção diária do Palácio do Planalto e
implementar um novo protocolo de atuação desses batalhões. O número e o
funcionamento deste novo procedimento ainda não foram detalhados – e não devem
ser divulgados em um primeiro momento por questões de segurança.
A adoção do novo protocolo, no entanto, já pôde ser notada
nesta quarta-feira (11). Três dias após a invasão às sedes dos Poderes e em
meio à convocação de novos atos antidemocráticos em Brasília, o Palácio do
Planalto estava sob forte presença militar.
Todo o perímetro do prédio que sedia o governo federal estava
cercado por homens do Batalhão da Guarda Presidencial, a unidade militar mais
antiga do Exército Brasileiro.
O cenário desta quarta-feira era diferente do que foi visto
na tarde de domingo, quando criminosos furaram o bloqueio da Polícia Militar do
Distrito Federal, tomaram controle e destruíram o Palácio do Planalto.
Naquele dia, os vândalos não tiveram dificuldade. Justamente
por isso, integrantes e aliados do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
criticaram a atuação do GSI e do próprio ministro Gonçalves Dias.
A avaliação dessa ala é a de que houve demora em responder à
ameaça de invasão e um baixo contingente de militares a postos.
A avaliação interna no GSI, no entanto, é a de que protocolo
de defesa do Planalto foi aplicado corretamente, mas o entendimento é de que
houve um conjunto de erros que explicam a invasão ao edifício.
Interlocutores do general Gonçalves Dias avaliam que os
bloqueios que deveriam ter sido realizados pela Polícia Militar do Distrito
Federal na Esplanada dos Ministérios não foram feitos.
A percepção interna também é a de que não foram transmitidas
as informações que deveriam ter sido repassadas pelas autoridades e de que não
houve uma reunião prévia da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal
diante da confirmação de setores de inteligência de que haveria um grande
contingente de pessoas marchando em direção à Praça dos Três Poderes.
Nos bastidores, integrantes do GSI explicam que o Batalhão da
Guarda Presidencial atua em função da ameaça. A avaliação é a de que a ameaça
não deveria ter chegado ao Palácio do Planalto no domingo, mas ter sido contida
pelos agentes da PM. Como os criminosos conseguiram chegar ao Planalto, havia
menos militares do que o necessário.
A estimativa é a de que cerca de 4.000 criminosos invadiram o
Palácio do Planalto ao longo da tarde de domingo. Assim que o controle do
prédio foi retomado, os militares subordinados ao GSI e os agentes do Batalhão
de Operações Policiais Especiais, a tropa de elite da PM do Distrito Federal,
realizaram uma varredura a partir do quarto andar até o piso térreo.
A ordem ao final da varredura foi de prisão dos vândalos
detidos. Ao todo, quatro ônibus deixaram o Planalto com criminosos presos. Na
sequência, no próprio domingo, o GSI encaminhou para a Polícia Federal as
imagens gravadas pelas câmeras de segurança do Palácio do Planalto. O material
será periciado pela equipe da PF e será anexado às investigações.