Além do bolsonarista de Ourinhos (SP), há mais quatro moradores do centro-oeste paulista que integram a ação da Advocacia-Geral da União avaliada em R$ 6,5 milhões; valor deve ser destinado à reparação dos danos causados.
O bolsonarista de Ourinhos (SP) que aparece em um vídeo
pedindo para uma mulher gravá-lo enquanto destrói uma vidraça no Supremo
Tribunal Federal (STF), em Brasília (DF), é um dos 59 nomes que constam na
lista da Advocacia-Geral da União (AGU) que pede à Justiça o bloqueio de R$ 6,5
milhões de financiadores dos atos golpistas do último domingo (8).
No documento, a AGU pede à Justiça Federal do Distrito
Federal o bloqueio de R$ 6,5 milhões em bens de 52 pessoas e de sete empresas.
A quantia, de acordo com a ação, deve ser utilizada para garantir a reparação
dos danos às sedes do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo
Tribunal Federal em caso de condenação dos acusados.
Nesses atos, classificados pela AGU como um “episódio
traumático na história do país”, golpistas depredaram as sedes dos três poderes
da República – o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal
Federal.
Segundo a AGU, o grupo teve “papel decisivo no desenrolar
fático” dos ataques às sedes dos Poderes da República e, por isso, “devem
responder pelos danos causados ao patrimônio público federal e derivados”.
Bolsonarista aparece em vídeo pedindo para gravá-lo enquanto
destrói vidraça do STF
O homem, identificado como Nelson Eufrosino, foi gravado
pedindo várias vezes para que filmassem ele dentro do STF: “Me filma aqui, por
favor, eu vou quebrar um, pode entrar, não tem mais ninguém” (assista acima).
Na sequência, ele pega um pedaço da estrutura do próprio STF
e começa a bater contra o vidro, enquanto supostamente grita “tropa de elite” e
“Ourinhos”. Ao fundo, é possível ver que o local está completamente destruído
com vazamento de água no teto.
Do centro-oeste paulista, além do morador de Ourinhos, mais quatro
pessoas constam na lista na AGU: Márcio Vinicius Carvalho Coelho, de Marília
(SP), Marlon Diego de Oliveira, de Tupã (SP), Nelma Barros Braga Perovani, de
Piratininga (SP), e William Bonfim Norte, de Promissão (SP).
Ação da AGU
Segundo a AGU, a quantia bloqueada seria usada para ressarcir
o poder público pelos danos causados aos prédios – quando houver condenação
judicial nesse sentido.
“As pessoas físicas e jurídicas elencadas foram as
responsáveis por contratar o deslocamento dos manifestantes até a capital
federal para participar da manifestação e do evento ocorrido, a partir do
fretamento de veículos de transporte, em especial, ônibus, sobre os quais, como
acima referido, recaiu a ordem de apreensão expedida pelo ministro Alexandre de
Moraes, do STF”, explica.
A AGU diz que ainda pode pedir o bloqueio de valores maiores,
na medida em que a contabilidade dos prejuízos aumente.
“Foi identificado um vultoso prejuízo material a esses
prédios públicos federais [sedes dos Três Poderes], consubstanciado na quebra
de objetos e itens mobiliários, a exemplo de computadores, mesas, cadeiras,
vidros das fachadas e até a danificação de obras de artes e objetos de valores
inestimáveis à cultura e à história Brasileira, a exemplo da obra as ‘Mulatas’,
de Di Cavalcanti”, afirma.
A lista de pessoas e empresas foi montada com base nos registros da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) de ônibus fretados, enviados à Justiça e divulgados pelo g1 com exclusividade nesta quarta (11).
“Como revelam os documentos em anexo, fornecidos pela ANTT,
os réus financiaram/patrocinaram a contratação de ônibus para transporte de
manifestantes até a cidade de Brasília, sendo que a partir desse transporte e
aglomeração de manifestantes é que se desenrolou toda a cadeia fática que
culminou com a invasão e depredação de prédios públicos federais, como adiante
será mais bem explicitado”, afirma o documento.
A AGU, no entanto, incluiu nesse primeiro pedido apenas os
ônibus com destino a Brasília que, em seguida, foram apreendidos transportando
pessoas que participaram dos atos golpistas.
Os R$ 6,5 milhões incluídos pela AGU no pedido de bloqueio
incluem:
3,5 milhões estimados até o momento em danos ao Senado;
R$ 3,03 milhões contabilizados em prejuízos pela Câmara dos
Deputados.
Os valores, portanto, não incluem os prejuízos ao Palácio do
Planalto e ao STF – que também devem ultrapassar a casa dos milhões de reais.