Ele pediu para apanhar, e apanhou (por-Ricardo Noblat)
De férias em Santa Catarina, no final de 2021, Bolsonaro,
então presidente da República, disse torcer para não ser obrigado a voar à
Bahia para ver de perto os efeitos das fortes chuvas que matavam e desabrigavam
centenas de pessoas. E não foi.
Em maio do ano passado, candidato à reeleição e à caça de
votos, ele desembarcou às 8h05 na Base Aérea do Recife e saiu, em seguida, em
sobrevoo para conferir os estragos produzidos pelas chuvas em dezenas de
municípios de Pernambuco.
Voltou ao Recife meia hora depois. Sete ministros o
acompanharam na viagem relâmpago. Às 10h30, decolou para Brasília. Antes, em
entrevista à imprensa, disse que tudo o que pudesse ser entregue diretamente às
vítimas das chuvas, seria.
E ressaltou:
“Sem a intermediação
de prefeitos e governadores”.
Aproveitou para criticar Paulo Câmara (PSB), governador do
Estado, “que preferiu ficar em casa”. Câmara não esteve com Bolsonaro, nem ele
nem João Campos (PSB), prefeito do Recife, porque os dois não foram avisados
sobre a visita.
No temporal, 194 pessoas morreram. No segundo turno das eleições de outubro, Lula derrotou Bolsonaro em Pernambuco por 65,27% a 29,91% dos votos. Na Bahia, o placar foi de 72,12% para Lula e 27,88% para Bolsonaro. E no Nordeste, 69,34% a 30,66%.