Hacker diz ter sido convidado por Bolsonaro a assumir autoria de um grampeamento de Moraes que já havia ocorrido. Conversa teria acontecido em setembro do ano passado
Revelado pelo senador Marcos Do Val (Podemos-ES) na última
semana, o plano golpista de Jair Bolsonaro (PL) que pretendia grampear o
ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na realidade
teria sido iniciado em setembro do ano passado e contado com a participação do
hacker Walter Delgatti, da Vaza Jato, de acordo com a coluna Maquiavel da
Revista Veja.
No dia 10 de agosto, o hacker se encontrou com a deputada
bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), que era uma das aliadas mais próximas de
Bolsonaro à época. A ideia do entorno bolsonarista era cooptar o hacker para
expor vulnerabilidades nas urnas eletrônicas e endossar a narrativa golpista de
falha no sistema eleitoral brasileiro.
>>> Fotos
comprovam encontro entre hacker Delgatti e Bolsonaro
Ocorre que, no início do mês seguinte, em setembro, Zambelli
teria chamado Delgatti para outra conversa, que dessa vez seria com o próprio
Bolsonaro, por telefone. “Eu encontrei a outra (Zambelli) e ela levou um
celular, abriu o celular novo, colocou um chip, aí ela cadastrou o chip e ele
(Bolsonaro) telefonou no chip. Foi por chamada normal”, relatou Delgatti.
Foi aí que o ex-presidente convidou o hacker para assumir a
autoria de um grampeamento contra Moraes, segundo o próprio Delgatti: “eles
precisam de alguém para apresentar (os grampos) e depois eles garantiram que
limpam a barra (...) Ele (Bolsonaro) falou: ‘A sua missão é assumir isso daqui.
Só, porque depois o resto é com nós’. Eu falei beleza. Aí ele falou: ‘E depois
disso você tem o céu'."
>>> Em 2019,
Delgatti tentou invadir o celular de Alexandre de Moraes
A coluna acrescenta que "na suposta conversa com o
hacker, Bolsonaro teria dito que já haviam conseguido interceptar mensagens
internas trocadas entre Moraes e servidores da Justiça, nas quais o magistrado
estaria discorrendo sobre supostas vulnerabilidades das urnas e uma preferência
pelo candidato Lula. Esse ponto deveria ser explorado na imprensa para alegar a
suspeição do ministro e tirá-lo da condução do processo eleitoral. O hacker
topou de imediato a oferta e ficou de prontidão, aguardando novos contatos do
núcleo duro do bolsonarismo para tratar do assunto".
Delgatti chegou a procurar um funcionário da operadora de
telefonia TIM, oferecendo dinheiro para que ele o ajudasse no grampeamento do
magistrado. O funcionário teria que fornecer um chip com o mesmo número usado
por Moraes, mas se recusou a participar do crime. Segundo a coluna Maquiavel, a
conversa telefônica entre Delgatti e o funcionário da TIM foi gravada (sem o
conhecimento de Delgatti).
Agora que o novo plano veio a público com o relato do senador
Marcos do Val, Delgatti comentou com pessoas próximas que esta seria a
continuação da trama iniciada em setembro.
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