O prefeito da segunda maior cidade da Paraíba vai inaugurar uma ponte de 5 metros como se a obra do século fosse
O jovem prefeito de Campina Grande, atlético Bruno Cunha
Lima, cujo gigantismo físico lembra o porte dos lordes de outrora e mais parece
um Príncipe inglês por conta da beleza dos seus traços seguramente bem herdados
da saudosa avó Walnyza, continua escorregando feio quando o assunto é gestão
pública na cidade que lhe garantiu o berço.
Que tem sido considerado o pior prefeito de todos os tempos
da Rainha da Borborema, isso já é algo indiscutível. Mas agora, entrando na
reta final do tempo que o generoso eleitorado local lhe deu para governar a
cidade, descambou para imitar Odorico Paraguassu, o notório personagem da
novela ‘O Bem Amado’ que ficou eternizado no imaginário popular como a antítese
do bom gestor público, e só nos faz rir…
Menos mal, diria o ainda mais esperançoso dos seus eleitores,
confiante que ele venha a engrenar uma marcha positiva e evite até o dia da
despedida no Palácio do Bispo a prática de mais algum ultraje vergonhoso.
Eu que pensei que o mandato de Bruno viesse coroar a
administração pública municipal da minha terra e que vi-me obrigado a engolir a
decepção, também pensei que nesses pouco menos de dois anos finais do seu
sofrível mandato seria apenas ledo o meu engano.
Tenho evitado discorrer sobre as estripolias nada
recomendáveis do alcaide campinense, até mesmo para não parecer que tenho algo
contra ele, o que nunca será verdade eis que os laços da sua hereditariedade –
e eu visualizo o seu amado e saudoso avô Ivandro embalando-o no colo lá nas
varandas rerfrescates das suas terras no nosso tórrido Cariri – me impõem
tratá-lo com respeito, dignidade e alegria, o que tem sido de fato hoje uma
necessidade difícil de alcançar.
Dia desses, para triste surpresa minha, um nobre amigo que
tem histórica patente de autoridade em Campina Grande, veio me revelar a razão
da sua decepção com o neto de Ivandro. Imaginei que relataria deslizes
administrativos ou algo que o valha, mas veio-me com algo pior: a suposta
ojeriza (“nojo mesmo!”, alertou o interlocutor) que o inquilino do Palácio do
Bispo tem por seus “súditos”.
E contou, envergonhado, a vergonha que veio a passar no Dia
da Pátria ano passado quando a convite do cerimonial da prefeitura subiu ao
palanque oficial armado ao lado do Colégio das Damas para prestigiar o desfile
cívico-militar. Postado ao lado de Bruno, meu amigo-autoridade sentiu-se tocado
no ombro pelo jovem, que praticamente o empurrando mandou que dele se afastasse
para que a digna Primeira Dama, Dona Juliana Figueiredo, pudesse alí mais
confortavelmente se acomodar.
“Sentí-me um leproso”, confidenciou o meu amigo. Que somente
não desceu do palanque e retornou ao seu lar-doce-lar porque a sua refinada
educação não permitiu a desfaçatez plena de justificativa.
Mas, deixemos essa ‘pequenez’ particular para lá… Porque não
é disso que venho cuidar nesse artigo!
O meu registro lamentável de hoje diz respeito a um convite
da PMCG que outra turbinada autoridade com berço campinense, e que há poucos
meses atrás compartilhava momentos administrativos com Bruno, me mandou com
algumas observações interessantes que também desabonam o nosso gestor.
Ao melhor estilo Odorico Paraguassu, o prefeito está chamando
para a inauguração daquela que – acredito que ao seu ver – é a maior realização
desses seus dois anos e dois meses de gestão: uma ponte de pouco mais de cinco
metros de comprimento sobre um fedido esgoto entre os bairros do Tambor e
Jardim Paulistano.
A importância hilária dessa lastimável solenidade só
encontra, na história de Campina Grande, um único precedente: o da inauguração,
pelo então prefeito Félix Araújo Filho, do semáforo na rua Marquês do Herval na
pontinha da Praça da Bandeira, aquela quase rotatória que dá acesso à avenida
Getulio Vargas, quase em frente à agência dos Correios.
A festa feita pelo nosso ilustre poeta varão do patrono da
Câmara Municipal teve a Sá Zefinha, nossa Filarmônica Municipal, tocando
dobrados; rojões pipocando no céu em dúzias; faixas de agradecimento em todas
as esquinas dos quarteirões centrais e discursos, muitos discursos emocionados
e longos.
Mas Bruno se superou!
No convite para inaugurar a ponte, em uma cidade com mais de
400 mil habitantes lúcidos, o ato é tratado como – pasmemos todos nós –
“momento historico”.
“Que convite mais ridículo, meu pai do céu!”, envergonhou-se
o amigo autoridade que mandou a “intimação” para meu conhecimento.
Reproduzo a peça abaixo para que você, meu caro leitor, faça
o seu próprio juízo de valor.
Mesmo porque lá está escrito, com todas as letras possíveis, que essa inauguração será UM DIA TRANSFORMADOR PARA AS PESSOAS DA NOSSA CIDADE.