Julio Cesar Gomes fez diversas tentativas para retirar diamantes detidos e entregá-los a Bolsonaro
Gomes enviou mensagens de texto, gravou áudios, fez telefonemas e encaminhou e-mails sobre o assunto -Para conseguir liberar ilegalmente as joias, estimadas em até
R$ 16,5 milhões, e enviá-las ao então presidente Jair Bolsonaro e à
primeira-dama, Michelle, o ex-chefe da Receita Federal, Julio Cesar Vieira
Gomes, teria pressionado servidores de diversos departamentos e até
subsecretários do órgão.
A pressão se deu por diversos meios extra oficiais. De acordo
com informações do Estadão, Gomes enviou mensagens de texto por aplicativos
como Whatsapp, gravou áudios, fez telefonemas e encaminhou e-mails sobre o
assunto. Tudo isso para retirar os diamantes detidos na alfândega de Guarulhos
pela Receita.
Conforme o Estadão, em um dos áudios obtidos pela reportagem,
Gomes pede que um servidor acesse a Coordenação-Geral de Programação e
Logística (Copol), um dos departamentos do órgão federal e passe seu contato
para o responsável da área. Na gravação, ele diz que o grupo de joias detido
seria um item que “faz parte do gabinete pessoal” da Presidência da República e
que este seria “um órgão que ele criou.”
“É um outro órgão chamado acervo histórico e pessoal. Faz
parte do gabinete pessoal da Presidência da República e do presidente da
República. Existe um gabinete pessoal. É um órgão lá dentro que ele criou. Tem
um decreto, que ele criou”, afirma Gomes no áudio, de acordo com a publicação.
Na mensagem, Gomes se baseava em um decreto editado há 21
anos, que estabelecia regras sobre “preservação, organização e proteção dos
acervos documentais privados dos presidentes da República”. Mas os servidores
da Receita pontuaram que seria uma interpretação equivocada das regras para
tentar convencê-los a liberarem as joias.
A Copol respondeu às pressões de Gomes por meio de um ofício
formal, negando a entrega. Conforme o Estadão, além das mensagens e áudios
enviados para a chefia de seu gabinete, ele também disparou diversas mensagens
a diferentes servidores nos meses que antecederam o fim do mandato de
Bolsonaro, na tentativa de retirar os diamantes.
A manobra final ocorreu no dia 29 de dezembro do ano passado, quando o ex-comandante da Receita ligou para o primeiro-sargento da Marinha, Jairo Moreira da Silva, na tentativa de intervir para que o auditor-fiscal que estava no aeroporto de Guarulhos liberasse o estojo com as joias de diamantes, mas sem sucesso.