O envolvimento de quatro militares no caso das joias de R$
16,5 milhões da Arábia Saudita destinadas ao casal Bolsonaro como suposto
presente, sem declarar aos Fisco e ainda a tentativa de reaver as peças por
parte do ex-presidente, preocupa a cúpula das Forças Armadas.
Segundo a colunista Bela Megale, de O Globo, os militares de
alta patente estão irritados com o escândalo, sobretudo pelas possíveis
consequências que as investigações da Polícia Federal (PF) podem trazer para a
imagem das Forças.
São quatro militares envolvidos diretamente no escândalo: o
almirante de esquadra da Marinha e ex-ministro Bento Albuquerque, o
primeiro-tenente da Marinha e ex-assessor de Bento, Marcos Soeiro, o
tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordem de Jair Bolsonaro, Mauro
Cid, e o primeiro-sargento da Marinha, Jairo Moreira da Silva.
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Outra preocupação é o desgaste com a exposição do uso de
aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) na tentativa de Bolsonaro de reaver as
joias, “assim como o transporte de fuzil e pistola nas aeronaves militares
durante o governo passado”.
“Para eles, a situação pode se agravar ainda com o
desdobramento das investigações da Polícia Federal que apura crimes como
descaminho e advocacia administrativa, entre outros”, revelou a colunista.
A alta cúpula ordenou silêncio sobre o caso entre os
militares. O ex-ajudante de Bolsonaro de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, por
exemplo, já foi alvo de queixas do comando do Exército, por ter falado
publicamente sobre o caso.
“Nesta semana, a tensão segue alta na caserna sobre as
consequências que depoimentos à PF podem trazer à imagem das Forças”, diz a
jornalista.