A PF tentou acessar os dados na nuvem do celular que o ex-secretário alega ter esquecido nos Estados Unidos. Senhas entregues por Torres na semana passada, porém, são inválidas
O ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal
Anderson Torres entregou senhas inválidas à Polícia Federal para acessar dados
na nuvem em seu celular. Ao ser preso, quando voltava dos Estados Unidos,
Torres teria dito que perdeu o aparelho.
A informação foi divulgada nesta sexta-feira (28/4) pelo
portal G1. O ex-secretário deve ser questionado pelos investigadores sobre as
senhas entregues. Ele está preso desde o dia 14 de janeiro por suspeita de
omissão frente aos ataques terroristas de 8 de janeiro, em Brasília.
A defesa do ex-ministro de Justiça entregou o material na
semana passada, em petição ao Supremo Tribunal Federal (STF). As senhas
deveriam dar acesso a contas de e-mail e aos dados do celular que estão salvos
na nuvem. A PF busca trocas de mensagens ou informações sobre a atuação do
ex-secretário durante os ataques, e também sobre a minuta golpista encontrada
durante operação de busca e apreensão na sua casa, em Brasília.
Embora a defesa de Torres peça a revogação da prisão, o
ministro do STF Alexandre de Moraes citou a omissão do ex-secretário em relação
aos dados de seu celular como um dos motivos para negar o pedido.
Segundo Moraes, em decisão na quinta-feira da semana passada
(20), Torres "suprimiu das investigações a possibilidade de acesso ao seu
telefone celular. Consequentemente, das trocas de mensagem realizadas no dia
dos atos golpistas e nos períodos anterior e posterior". O magistrado
também cita que o ex-secretário forneceu as senhas "mais de 100 dias após
a ocorrência dos atos golpistas e com total possibilidade de supressão das
informações ali existentes".
Torres tinha um novo depoimento à PF marcado para a última
segunda (24), mas sua defesa alegou piora no estado de saúde e pediu o
adiamento. A corporação acatou o pedido e a oitiva será remarcada, ainda sem
data para ocorrer.