Durante entrevista a TV argentina C5N, o Papa afirmou que Lula e Dilma foram alvos do uso da Justiça para perseguição política
Papa Francisco, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Reuters | Ricardo Stuckert/DivulgaçãoO papa Francisco afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva foi vítima de perseguição política e que a ex-presidente Dilma Rousseff
sofreu um processo de impeachment injusto. T
"O lawfare abre caminho nos meios de comunicação.
Deve-se impedir que determinada pessoa chegue a um cargo. Então, o pessoal o
desqualifica e metem a suspeita de um crime. Então, faz-se todo um sumário, um
sumário enorme, onde não se encontra [a prova do delito], mas para condenar
basta o tamanho desse sumário. 'Onde está o crime aqui?' 'Mas, sim, parece que
sim...' Assim condenaram Lula", afirmou o sumo pontífice, em entrevista
exibida pela rede argentina C5N. O Papa também citou outros casos de lawfare na
América Latina, como Equador, Argentina e Bolívia.
Sobre a ex-presidente Dilma Rousseff, Francisco disse que ela
teve o mandato cassado por um "ato administrativo menor" e é
"uma mulher de mãos limpas, uma mulher excelente".
O papa ainda citou o "fumus delicti", termo
jurídico em latim para conceituar a comprovação de um crime por meio de
indícios suficientes de autoria, e ainda disse que "às vezes, a fumaça do
crime te leva ao fogo, outras vezes é uma fumaça que se perde porque não há
fundamento". Ao jornalista dizer que "inocentes são condenados",
o pontífice ressaltou que "no Brasil, isso aconteceu nos dois casos",
referindo-se a Lula e a Dilma. Para ele, "os políticos têm a missão de
desmascarar uma Justiça injusta".
Em dezembro passado, Francisco já havia dito em entrevista a
um jornal espanhol que o processo que levou Lula à prisão começou por uma
notícia falsa. "Um julgamento tem que ser o mais limpo possível, com
tribunais que não têm outro interesse senão fazer justiça", disse na
ocasião.