Os principais tipos podem ser evitados com vacinas, mas a cobertura está abaixo de 50%
Um dos mais recentes surtos ocorridos no ano passado foi em São Paulo, com ao menos dez mortes na capital paulista Prefeitura de Volta RedondaA meningite é uma das doenças mais temidas pelos pais.
Caracterizada pela inflamação nas membranas que revestem o cérebro a medula
espinhal, a condição pode levar à morte ou deixar graves sequelas se não for
tratada rápida e acertadamente. A boa notícia é que as formas mais perigosas da
doença podem ser evitadas com vacinação, e há mais de um tipo disponível, tanto
no sistema privado, como no sistema pblico de saúde. Mas a cobertura de
imunização está baixíssima no Brasil. As taxas, especialmente da aplicação da
vacina meningocócica C, que é a mais comum, despencaram em crianças menores de
1 ano de idade: nos cinco últimos anos, foram de 87,4% para 47%, de acordo com
o Ministério da Saúde.
Para que as crianças fiquem seguras, o índice não pode ser
menor que 90% alerta o geneticista e pediatra Salmo Raskin, da Sociedade
Brasileira de Pediatria.
Um dos mais recentes surtos aconteceu em São Paulo, no ano
passado, com ao menos dez mortes na capital paulista.
História
Nos primeiros casos da doença, na década de 1970, a ditadura
militar censurava informações sobre a infecção que pudessem comprometer a
reputação do governo, de acordo com pesquisa da Fiocruz. O veto só facilitou a
propagação da doença. Em tempos democráticos e com vacinas eficazes, surtos são
inadmissíveis. A seguir, as principais dúvidas sobre a infecção.
O que é meningite?
A doença se caracteriza por ser uma inflamação das membranas
que revestem a medula espinhal e o cérebro. É causada sobretudo, a partir da
infecção por vírus ou bactérias. Mas também pode estar associada a fungos e
parasitas.
Quais são as mais
comuns?
Existem pelo menos 5 tipos de meningites; bacteriana, viral,
parasítica, fúngica e não-infecciosa. A viral é a mais comum, seguida da
bacteriana. As do tipo meningocócicas são causadas por pela bactéria Neisseria
meningitidis que pode ser fatal caso não seja tratada. Pode também levara a
sequelas, como surdez, amputação de membros, perda de audição e visão,
problemas de memória e aprendizagem, epilepsia e lesões cerebrais. A infecção
pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum em crianças com menos de 5
anos. Há vacinas extremamente eficazes. O imunizante passou a ser oferecido no
Sistema Único de Saúde, em 2010. Uma bactéria que também causa meningite é
chamada de pneumocócica. Mais grave, mas pode ser prevenida com vacinas. Como é
uma das formas mais agressivas da doença, mesmo com o tratamento correto existe
risco de sequelas, como perda auditiva, paralisia cerebral, problemas de fala,
epilepsia ou perda de visão. A ocorrência das meningites bacterianas é mais
comum no outono-inverno e das virais na primavera-verão
Como é feito o
diagnóstico?
A suspeita clínica é feita pelos seguintes sintomas: febre,
rigidez na nuca, dor de cabeça, mal-estar, náusea, vômito, confusão mental,
sensibilidade à luz, dores intensas ou dores nos músculos, articulações, peito
ou barriga. Há, no entanto, alguns sinais que fortalecem a suspeita de que o
quadro é de meningite: rigidez do pescoço e da nuca — que podem não estar
presentes, sobretudo em lactentes (crianças com até 2 anos) — e petéquias
(manchas marrom-arroxeadas provenientes de pequenos sangramentos dos vasos da
pele).A confirmação é feita por meio de exames laboratoriais, como por exemplo
hemograma, punção lombar e análise do líquor. O líquor normal é límpido e
incolor. No processo infeccioso, é turvo. Todos os exames são também oferecidos
pelo SUS.
Como a doença é
transmitida?
Através do contato direto com as secreções respiratórias ou
fezes de uma pessoa infectada pela bactéria Neisseria meningitidis. Dessa
forma, a fala, a tosse, o espirro, e a saliva são maneiras de transmissão da
bactéria, sendo recomendado evitar compartilhar talheres, copos e roupas com
pessoas infectadas. O hábito de lavar as mãos com frequência, assim como evitar
o contato com pessoas aparentemente doentes também ajuda a diminuir a
probabilidade de infecção.
Como é o tratamento?
Por se tratar de uma doença grave, os pacientes recebem o
tratamento no hospital. Para as bacterianas, usa-se antibióticos. Nas virais, o
doente é monitorado e, eventualmente, recebe antiviral. Devido à gravidade do
quadro clínico, os casos suspeitos de meningite sempre são internados nos
hospitais, por isso, ao se suspeitar de um caso, é urgente a procura por um
pronto-socorro hospitalar para avaliação médica. Nas fúngicas o tratamento é
mais longo, com altas e prolongadas dosagens de medicação antifúngica,
escolhida de acordo com o fungo identificado no organismo do paciente.
Quando devo tomar as
vacinas?
A vacina Meningocócica conjugada C e ACWY e a Vacina Meningocócica B Recombinante devem ser administradas aos 3, 5 e 12 meses de idade. Deve haver um reforço da vacina Meningocócica conjugada C e ACWY entre 4 e 6 anos e outro reforço aos 11 anos de idade. Quem não fez esta vacina na infância recomenda-se duas doses com intervalo de 5 anos entre elas, de preferência aos 11 anos e 16 anos. Ou seja, adolescente que não recebeu a vacina Meningocócica conjugada ACWY, daí serão 2 doses com intervalo de 5 anos. Adolescentes não vacinados com a Vacina Meningocócica B Recombinante devem receber duas doses.