Para chegar ao valor, os peritos submeteram a peça a “análises físicas, químicas e mineralógicas
Miniatura de um cavalo dado de presente ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e à ex-primeira-dama Michelle BolsonaroUm laudo elaborado pelo Instituto Nacional de Criminalística
da Polícia Federal (PF) concluiu que o cavalo em miniatura presenteado pelo
governo da Arábia Saudita ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e à
ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro equivale a R$ 24.855,62 e é composto
majoritariamente por cobre.
Para chegar ao valor, os peritos submeteram a peça a
“análises físicas, químicas e mineralógicas” —e até mesmo a um raio-X e a uma
tomografia computadorizada. Os procedimentos foram realizados no dia 15 deste
mês.
“As imagens foram analisadas em todos os planos anatômicos
(coronal, axial e sagital), conjuntamente ao processamento de reconstruções
tridimensionais do corpo da escultura, 3 (três) membros e base, a fim de
subsidiar a análise do material questionado”, detalha o laudo, obtido pela
coluna.
Os “exames” apontaram que a escultura é feita “de material
maciço e sem partes ocas” e constituída por diferentes metais preciosos. Apesar
da aparência dourada, o ouro é que se faz menos presente.
“No âmbito da superfície do corpo da escultura do cavalo,
mais especificamente nas porções metálicas de cor dourada, verificou-se uma
composição majoritária de cobre (89,02 a 94,18%), prata (3,44 a 6,27%) e ouro
(1,39 a 3,90%)”, afirma o documento.
Os peritos da Polícia Federal ainda destacam que o cavalo
traz uma inscrição com cumprimentos em nome de “Sua Alteza Real, o príncipe
Abdulaziz bin Salman Al Saud, ministro de Energia”.
“As características da escultura com motivos, elementos e
detalhes que remetem à cultura do país de referência na placa, que também
abrangem frase dedicatória e identificação do nome, cargo de autoridade e país,
são compatíveis com peça estrangeira de boa qualidade customizada e
identificada para fins de concessão em ato protocolar de cortesia”, diz o
documento.
O cavalo foi severamente danificado, uma vez que três de suas
quatro patas foram decepadas —a quarta, que sobrou, também apresenta “sinais de
avaria”, segundo o Instituto Nacional de Criminalística.
“O material apresenta danos posteriores, indicativos de
manuseio incorreto e que abrangem a sua embalagem própria de acondicionamento.
Esses danos prejudicam a sua estética e impedem o seu uso expositivo,
ornamentativo e/ou para composição de acervo, necessitando de reparos”, dizem
os peritos.
Segundo a PF, a peça é da marca Goldline, que costuma
fabricar seus produtos na Itália. Um cavalo similar, mas com dimensões
inferiores, chegou a ser localizado pelos peritos em um site da empresa.
O laudo destaca, no entanto, que o valor estimado de cerca de
R$ 24 mil não abrange preços praticados no mercado nem finalidades “diversas ao
escopo pericial”.
“O caráter estimativo decorre da ausência de encaminhamento
de documento comprovante do preço efetivamente praticado na aquisição da
respectiva peça para ratificação do valor”, explicam os peritos.
“Por todo o exposto, estima-se o valor mercadológico do item
questionado, quando íntegro e preservado, correspondente a USD 4.971,12 (quatro
mil e novecentos e setenta e um dólares americanos e doze centavos) ou R$
24.855,62 (vinte e quatro mil e oitocentos e cinquenta e cinco reais e sessenta
e dois centavos)”, concluem.