Os recursos foram depositados por empresas e por delatores em contas bancárias em nome da 13ª Vara, comandada antes dele por Sergio Moro e pela juíza Gabriela Hardt.
Os recursos foram depositados por empresas e por delatores em
contas bancárias em nome da 13ª Vara, comandada antes dele por Sergio Moro e
pela juíza Gabriela Hardt.
Os pagamentos faziam parte dos acordos firmados pelas
companhias e seus executivos ao confessarem crimes e apontarem outros culpados
à Justiça. A maior parte do dinheiro arrecadado, R$ 2,2 bilhões, foi
posteriormente transferida, de forma pulverizada, para dezenas de estatais e
órgãos públicos, inclusive do Judiciário. A aplicação dos bilhões, no entanto,
seguiria envolta em mistério, segundo o juiz disse ao prestar depoimento.
Appio afirmou ao CNJ que, depois de assumir a 13ª Vara, em
fevereiro, tentou rastrear o destino final do montante bilionário, montando
planilhas e requisitando informações dos órgãos que receberam os recursos para
saber onde eles tinham sido aplicados. Mas encontrou dificuldade para obter
respostas.
Além disso, de acordo com ele, depois da pulverização dos R$
2,2 bilhões, um saldo de R$ 842 milhões restava no caixa da 13ª Vara Federal em
setembro de 2022, segundo documentos então disponíveis.
O juiz desconfiava que a distribuição da maior parte dos R$
3,1 bilhões ocorreu sem critérios e sem obedecer a regras do CNJ, que
determinam que penas pecuniárias não podem ser destinadas a beneficiários de forma
"arbitrária e aleatória".
Appio foi afastado por suspeita de ter telefonado para João
Eduardo Malucelli, filho do juiz federal de 2ª instância do Paraná Marcelo
Malucelli. Pela acusação, ele usou nome falso e tentou obter informações de
João Eduardo. O juiz diz que o filho foi ameaçado. João Eduardo é namorado da
filha mais velha de Moro, e sócio do senador e da mulher dele, a deputada
federal Rosângela Moro (União-SP), no escritório Wolf & Moro Sociedade de
Advogados.