Silvinei Vasques prestou depoimento à comissão mista que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro, ontem terça-feira (20).
O ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei
Vasques, negou ter relação de intimidade com o ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL). Em depoimento à CPI mista dos Atos Golpistas, nesta terça-feira (20), ele
afirmou que a relação entre os dois era "muito profissional".
"O presidente Bolsonaro, eu nunca fui, em nenhuma festa,
por exemplo, da filha dele mais nova, não sou padrinho, não sou parente. Nunca
votei nele, porque meu título de eleitor está em Florianópolis, sempre esteve
lá. O que a gente tinha era uma relação muito profissional", disse.
Silvinei Vasques foi a primeira testemunha a prestar
depoimento na CPI mista dos Atos Golpistas. Ele chefiava PRF no ano passado, quando
a corporação foi alvo de polêmicas envolvendo a atuação nas eleições. Por isso,
ele também é alvo de investigação da Polícia Federal (relembre abaixo).
Vasques também disse que Bolsonaro demonstrava
"carinho" com a instituição. "Foi um dos questionamentos: 'Ah,
por que o senhor tem foto com o presidente da República, lá na ação do Rio de
Janeiro? Porque foi o único que deixou bater a foto, nenhum outro presidente
autorizou a gente bater foto. Como é que eu ia ter foto com outro
presidente?"
"Qual é o orgulho para um servidor público? Qual é o
orgulho para um policial? Quem é o presidente? É o maior comandante das
polícias, qualquer presidente. O atual também é, todos foram, então é um
orgulho pra gente levar uma foto com o presidente, a gente se emociona. Só que,
infelizmente, ele foi o único que dava essa autorização, por isso que eu tinha
foto com ele", alegou.
O ex-diretor da PRF admitiu ainda que recebeu ligações de
Bolsonaro, mas alega que todas foram para acompanhar o trabalho da corporação.
"A relação com ele era muito profissional, em algumas
vezes ele me ligou. Ele saía para ver como é que estava o serviço público,
parava, falava com caminhoneiro. Caminhoneiro reclamava: 'Olha, em tal ponto da
rodovia tem acidente', 'em tal ponto da rodovia os caminhões estão sendo
assaltados'. Ele dizia: 'Vasques procura resolver isso aí, dar uma atenção,
pessoal está sofrendo muito na estrada."
Investigação
Vasques é investigado em um inquérito da Polícia Federal que
apura se houve prevaricação na atuação da PRF durante o bloqueio de rodovias
feitos por bolsonaristas e se houve violência política nas fiscalizações de
veículos feitas pela corporação durante o segundo turno das eleições de 2022,
em especial no Nordeste. Em dezembro de 2022, o ex-diretor se aposentou, com
salário integral.
No depoimento à CPI, ele negou que tenha havido qualquer
omissão ou irregularidade na atuação da PRF.
"A gente vai ter a possibilidade, pela primeira vez, de
combater esta que foi a maior injustiça já realizada na história da Polícia
Rodoviária Federal, que nos próximos dias completa 95 anos."
Vasques também negou que a fiscalização de veículos tenha
sido intensificada no Nordeste, onde o então candidato Lula liderava as
pesquisas, para dificultar o acesso de eleitores às zonas de votação.
"Se falou muito que a PRF, no segundo plano da eleição, direcionou a sua fiscalização para o Nordeste brasileiro, isso não é verdade. Não é verdade porque o Nordeste brasileiro é a região onde mais temos infraestrutura da PRF no Brasil", afirmou.