Ele tinha um mandado de prisão em aberto por crime de ameaça e associação criminosa
Foi detido quando tentava deixar o país em voo para a
Argentina o jornalista bolsonarista Allan Frutuozo, suspeito de invadir a sede
da PF, em Brasília, no dia 12 de dezembro do ano passado. O pedido de prisão
preventiva contra Allan é de 18 de dezembro de 2022, assinado durante um
plantão da Justiça Federal – 15ª Vara Federal Criminal, no Distrito Federal.
Quando Allan tentava embarcar, ainda pela manhã, o sistema da Polícia Federal
identificou o alerta, e o jornalista foi detido e levado para uma sala da PF.
Ele tinha um mandado de prisão em aberto por crime de ameaça
e associação criminosa. Em postagens feitas por redes sociais, ele disse que os
policiais não conseguiam acessar o mandado de prisão nem dizer o motivo do
alerta.”Tô aqui fazendo um voo, fui passar por uma checagem da Polícia Federal,
e eles descobriram que tem algo em sigilo, um alerta na 15ª Vara Federal. Eu
pedi para o advogado ver, ele não sabe o que é. Os policiais aqui não sabem o
que é”, disse Allan.
Segundo o G1 apurou, como o mandado é de um juiz de primeira
instância, e o inquérito foi para o Supremo Tribunal Federal (STF), era
necessário que o ministro Alexandre de Moraes ratificasse a decisão para que
Allan ficasse preso.
Ao deixar o aeroporto levado por policiais federais em uma
viatura, o jornalista, que se diz apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro,
afirmou ser “mais uma prisão política”.
“Eu não tenho foro privilegiado, mas estou sendo preso pelo
STF por ser antidemocrático”, escreveu Allan sua última mensagem publicada no
Twitter, às 12h58.
Allan deixou o Aeroporto do Galeão por volta das 18h em um
carro da Polícia Federal. O jornalista foi levado ao Instituto Médico Legal
(IML), no Centro, para realizar exame de corpo de delito. Em seguida, Allan
será levado para o presídio de Benfica, na Zona Norte.
De acordo com o pedido de prisão apresentado pelo Ministério
Público Federal, Allan também é suspeito de “abolição violenta do Estado
Democrático de Direito”.
Investigado por possível participação na tentativa de invasão
da sede da Polícia Federal (PF), Allan é suspeito de participar do grupo que
incendiou veículos e depredou uma delegacia da Polícia Civil do distrito
federal, no mesmo dia.
“As condutas criminosas perpetradas resultaram em distúrbio civil nos arredores do prédio sede da Polícia Federal com a incidência dos delitos de dano qualificado a bem da União”, dizia um trecho da decisão.
Ainda de acordo com o MP, Allan e outros investigados foram
identificados pela Polícia Federal a partir da análise de câmeras de segurança
instaladas no entorno do local onde ocorreram os atos de vandalismo na capital
do país. Os suspeitos também foram identificados em vídeos divulgados na
internet.
Segundo os promotores, as ações de vandalismo em Brasília, no
dia 12 de dezembro, foram em resposta à prisão temporária de José Acácio Serere
Xavante.
Serere, que é indígena e apoiador do ex-presidente Jair
Bolsonaro, foi enunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo
Tribunal Federal (STF), por incitação a atos antidemocráticos. A acusação é por
ter ameaçado integrantes do STF, invadido o terminal de um aeroporto e por ter
convocado pessoas armadas para impedir a diplomação do presidente Lula pela
Justiça Eleitoral.
A decisão pela prisão de Allan diz ainda que o suspeito é “conhecido
por sua atuação permanente nas manifestações realizadas em espaços dos quarteis
do exército”.
“Durante as ações do dia 12/12/2022, o referido sujeito
publicou vídeo em redes sociais apresentando viés violento declarando estar em
“guerra” contra “Comunistas”. O referido sujeito usava traje típico militar e
se mostrava aparentemente alterado. É possível identificar que se encontra com
outros sujeitos não identificados que, por sua vez, estão com a face coberta”,
dizia um trecho da decisão.
Em contato com o G1, o advogado criminalista Ronan Alencar,
responsável pela defesa de Allan Frutuozo, informou que ainda não teve acesso à
integra do processo original, que resultou na prisão de seu cliente. Segundo
disse, a defesa já protocolou um pedido de liberação do documento que está em
segredo de Justiça. O advogado informou que sua equipe está avaliando qual a
melhor estratégia para a defesa de Allan.
“A defesa técnica de Allan Frutuoso informa que ainda não
teve acesso aos autos principais, tão somente à decisão judicial do plantão
judiciário que decretou a prisão preventiva do nosso cliente. Estamos atuando
para que seja franqueado à defesa todo conteúdo processual garantindo assim ao
nosso cliente os direitos fundamentais à ampla defesa e ao contraditório”,
dizia a nota divulgada pela defesa.