O pedido do PSOL também afirma que há "vastos indícios de uso de dinheiro público para financiar atividades ilegais e golpistas"
O PSB e o PSOL protocolaram representações no Conselho de
Ética da Câmara para que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) perca o mandato,
devido a suspeitas que envolvem o hacker Walter Delgatti Neto.
As duas representações foram encaminhadas à Mesa da Câmara,
que precisam despachar os casos ao Conselho de Ética. Em seguida, há um rito de
tramitação no colegiado, que passa, por exemplo, pela escolha de um relator,
coleta de depoimentos e espaço para a defesa.
No caso do PSOL, a representação foi protocolada no fim da
tarde desta sexta-feira (18). No pedido, o partido alega que, em depoimento à
CPI dos Atos Golpistas nesta quinta-feira (17), Delgatti afirmou que a
parlamentar intermediou um encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que o
teria questionado sobre a possibilidade de invadir as urnas eletrônicas.
O pedido do PSOL também afirma que há "vastos indícios
de uso de dinheiro público para financiar atividades ilegais e golpistas".
Um contrato do gabinete da deputada levanta suspeitas de que a contratação de
Delgatti para invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça tenha sido
feita por meio de recursos da cota parlamentar.
"É absolutamente inconteste que as condutas perpetradas
pela representada se deram no contexto de fomento aos crimes contra o Estado
Democrático de Direito", diz o pedido. "Para além do golpismo, há o
uso da cota parlamentar de forma indevida."
Além de pedir que Zambelli seja punida com perda de mandato,
o PSOL pede que o Conselho de Ética tome depoimentos da parlamentar, além de
Delgatti, do ex-presidente Jair Bolsonaro e do presidente do PL, Valdemar da
Cota Neto.
Protocolado antes do depoimento de Delgatti à CPI, no último
sábado (12), o pedido do PSB trata da suposta contratação do hacker para
"atestar a vulnerabilidade das urnas eletrônicas".
Segundo o partido, Zambelli "aproveitou-se da posição de
deputada federal e serviu-se das estruturas da Câmara dos Deputados,
especialmente recursos orçamentários, para financiar atividades ilícitas
visando a incutir no povo, titular da soberania popular, dúvidas sobre a
legitimidade da representação parlamentar e, consequentemente, da própria
democracia".
Na semana passada, por um acordo envolvendo parlamentares de
diversos partidos, o Conselho de Ética decidiu arquivar um processo contra
Zambelli que também poderia levar à perda do seu mandato.
Este caso, porém, não tem ligação com as suspeitas de ligação
com o hacker. A deputada era acusada de quebra de decoro por ter xingado o
deputado Duarte Júnior (PSB-MA) em uma reunião da Comissão de Segurança Pública
destinada a ouvir o ministro da Justiça, Flávio Dino.
Pelo acordo, não apenas o processo contra a Zambelli será arquivado, mas também outros que tramitam no colegiado e envolvem deputados de várias siglas.