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 Documentos servem para atestar a veracidade da joia; No caso, os certificados haviam sido emitidos por parceira dos luxuosos relógios Rolex, como o recebido por Bolsonaro que Cid tentou vender

Quando no último dia 3 de maio a Polícia Federal fez uma operação na casa do tenente-coronel Mauro Cid, ficou intrigada com certificados de diamantes encontrados na cozinha do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O documento serve para atestar a veracidade de uma joia, se a pedra preciosa é verdadeira ou não. No caso, os certificados haviam sido emitidos pela prestigiosa Saddik Omar Attar Est, parceira dos luxuosos relógios Rolex, como o recebido pelo ex-presidente que Cid tentou vender.

Na mesma semana a PF divulgou a apreensão de 35 mil dólares (equivalente a 170 mil reais) na casa do ex-faz-tudo de Bolsonaro. À época, a corporação afirmou não havia indicativo de que os certificados fossem referentes às joias de Bolsonaro, que entraram ilegalmente no país, ou pertencentes à família de Mauro Cid, mas esse quadro pode estar mudando.

Isso ocorre porque a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) revelou na última terça-feira (1), durante a CPMI dos Atos Golpistas, que segundo dados da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), no dia 26 de outubro de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro receberam, respectivamente, um envelope e uma caixa contendo pedras preciosas. Mas os presentes não constam na lista de 46 páginas e 1055 itens recebidos durante o mandato.

Na denúncia, a deputada aponta que em troca de e-mails analisada pela CPMI, o ajudante de ordens Cleiton Henrique Holzschuk ordena aos colegas Adriano Alves Teperino e Osmar Crivelatti que as pedras não deveriam ser cadastradas no acerto do Palácio do Planalto mas entregues em mãos ao tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens e braço direito de Bolsonaro.

“Foi guardado no cofre grande, 01 (um) envelope contendo pedras preciosas para o PR (presidente) e 01 (uma) caixa de pedras preciosas para a PD (primeira-dama), recebidas em Teólifo Otoni em 26/10/22. A pedido do TC (tenente-coronel) Cid, as pedras não devem ser cadastradas e devem ser entregues em mão para ele (Cid). Demais duvidas, Sgt Furriel está ciente do assunto,” diz o e-mail de Holzchuk.

 

Deputada pede investigação

Para Jandira, o fato em si justifica a convocação e quebra de sigilo bancário não apenas de Jair e Michelle Bolsonaro, mas também de auxiliares do ex-presidente, incluindo Mauro Cid, cujas movimentações milionárias em suas contas bancárias não condizem com o salário que recebia conforme relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Fiscais), órgão responsável por identificar e combater crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

“Na minha interpretação, só tem duas possibilidades para essas joias secretas. Ou é uma corrupção pura e simples, em que ele pega a pedra e fica com o dinheiro para si, o que é um crime e como tal terá que ser indicado dessa forma pela CPMI. Porque um presente pessoal ao presidente da República só pode ir até 100 reais e não me parece que uma caixa de joias para a primeira-dama e um envelope de pedras preciosas para o Bolsonaro estejam dentro desse valor. Obviamente isso deveria ter sido registrado e protocolado. Então, ou ele roubou o patrimônio público para si, ou usou esse recurso para financiar os atos golpistas”, disse a deputada Jandira Feghali com exclusividade para a Revista Fórum.

Nesse contexto, a quebra pela CPMI dos Atos Golpistas do sigilo telemático de Mauro Cid começa a revelar o destino de presentes luxuosas recebidos durante viagens oficiais do ex-presidente.

Uma troca de email em inglês, datada de 6 de junho de 2022, mostra o militar negociando a venda de um relógio da marca Rolex "cravejado de platina e diamante" que teria sido recebido durante viagem oficial.

“Obrigado pelo interesse em vender seu rolex. Tentei falar por telefone, mas não consegui", diz, em inglês, a interlocutora. “Quanto você espera receber por ele? O mercado de rolex usados está em baixa, especialmente para os relógios cravejados de platina e diamante, já que o valor é tão alto. Eu só quero ter certeza que estamos na mesma linha antes de fazermos tanta pesquisa", emenda.

Na resposta, o assessor de Bolsonaro afirma que não possuía o certificado porque o relógio foi um "presente recebido em viagem oficial”. Cid ainda afirma que estava pedindo 60 mil dólares pelo Rolex, algo em torno de R$ 300 mil pela cotação atual.

O Rolex

Em outubro de 2019, durante viagem a Doha, no Catar, e riade, na Arábia Saudita, Bolsonaro recebeu um conjunto de joias que inclui um relógio da marca Rolex de ouro branco cravejados com diamantes. O valor das joias é estimado em R$ 500 mil.

As joias foram dadas pelo rei sauditan Salman bin Abdulaziz Al Saud. No total, ao menos três conjuntos de joias recebidos em viagens oficiais foram surrupiados por Bolsonaro.

O conjunto de joias que incluia o Rolex foi devolvido pela defesa de Bolsonaro em abril deste ano, após a Polícia Federal instaurar uma investigação para apurar outro conjunto de joias da Arábia Saudita, avaliado em R$ 5 milhões, retido pela Receita Federal no aeroporto internacional de Guarulhos.

Mauro Cid foi o comandante da operação que tentou, sem sucesso, resgatar as joias em posse do Fisco. O militar está preso desde maio por participar de um esquema de supostas fraudes no cartão de vacina e por manter conversas de teor golpista. 

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