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A Polícia Federal investiga se Hugo Ferreira Netto Loss, então coordenador de Operações de Fiscalização do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), foi monitorado ilegalmente pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Loss encabeçou operações contra garimpeiros e madeireiros ilegais na Amazônia durante o governo de Jair Bolsonaro e foi exonerado do cargo em abril de 2020.

A Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de alvos pré-determinados por meio dos aparelhos celulares. Após a reportagem, a Polícia Federal abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, advogados e adversários do governo Bolsonaro. Em nota, a agência diz colaborar com as investigações e que o uso do sistema foi encerrado em maio de 2021.

Servidor de carreira do Ibama, Loss coordenou uma ação contra garimpos em terras indígenas sul do Pará. Durante as operações, fiscais do órgão ambiental destruíram máquinas utilizadas pelos criminosos, incluindo a queima de equipamentos que não puderam ser retirados das áreas de reserva.

Apesar de previsto na legislação, o procedimento dos fiscais de queimar os equipamentos, contudo, era motivo recorrente de reclamação de Bolsonaro. Após uma ação em novembro de 2019, também no sul do Pará, o então presidente chegou a sugerir a um grupo de garimpeiros que tomaria providências caso a prática continuasse.

 Quem é o cara do Ibama que está fazendo isso no estado lá? Se me derem as informações, eu tenho como… — disse ele sem concluir a frase aos garimpeiros que o abordaram na entrada do Palácio da Alvorada

A lista completa das pessoas espionadas irregularmente ainda não é conhecida, mas a PF já identificou indícios de que adversários políticos do ex-presidente foram alvo: entre eles estão o ex-deputado Jean Wyllys. Há ainda a suspeita de que foram feitas vigilâncias durante as eleições municipais e em regiões próximas ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT), além de áreas nobres em Brasília e no Rio de Janeiro.

Segundo a colunista Malu Gaspar, do GLOBO, também foram alvo do monitoramento o jornalista Glenn Greenwald e seu marido, David Miranda, deputado federal pelo PDT do Rio de Janeiro que morreu em maio passado.

Em março deste ano, a Abin utilizou durante o governo Bolsonaro um sistema secreto com capacidade de monitorar, sem autorização judicial, os passos de até 10 mil pessoas por ano. Para isso, bastava digitar o número de um contato telefônico no programa e acompanhar num mapa a localização registrada a partir da conexão de rede do aparelho.

A ferramenta foi produzida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint) e era operada, sem qualquer controle formal de acesso, pela equipe de operações da agência de inteligência.

Imagem ilustrativa
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