19 brasileiros que estavam abrigados em uma escola no norte de Gaza já chegaram na cidade de Khan Yunis; o governo brasileiro negocia para que eles deixem o local pela passagem de Rafah na fronteira com o Egito
Segundo o representante do Brasil em Ramallah (Cisjordânia),
Alessandro Candeas, os brasileiros chegaram por volta das 14h30 no horário
local (8h30 no horário de Brasília). A viagem pelo trajeto de 25 quilômetros –
que levaria cerca de meia hora em condições normais – durou cerca de duas
horas.
Além do grupo que acaba de chegar, outros 12 brasileiros já
estão na região. Eles devem ficar hospedados no prédio de uma família
brasileira que mora em Khan Younes até que consigam sair da Faixa de Gaza.
A Embaixada do Brasil em Tel Aviv transmitiu às Forças de
Defesa de Israel informação sobre o edifício onde estão hospedados os
brasileiros em Khan Younes, para não serem bombardeados.
ONU alerta para falta de água em Gaza e diz que situação é
“questão de vida ou morte”
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A expectativa é que eles deixem o local pela passagem de
Rafah, região do sul de Gaza que faz fronteira com o Egito. No entanto, a
fronteira entre os países ainda está fechada, sem data ou horário definido para
que seja aberta aos estrangeiros que tentam fugir do conflito.
A distância entre Khan Younes e Rafah é de pouco mais de 10
quilômetros.
Partida adiada
O ônibus com os brasileiros deveria ter saído mais cedo, por
volta das 11h30, no horário de Gaza (5h30 da manhã, no horário de Brasília),
mas a partida foi adiada em algumas horas por conta de novos bombardeios.
Ônibus que deveriam transportar cidadãos estrangeiros de
outras nacionalidades também adiaram a partida.
O número de brasileiros que estavam abrigados na escola
aumentou para 19 após Israel dar um prazo de 24 horas para que civis deixem o
norte de Gaza. São 11 crianças, cinco mulheres e três homens. Apenas 10, no
entanto, fazem parte dos que desejam ser repatriados ao Brasil. Os outros nove
só buscam refúgio e já informaram que preferem seguir em Gaza.
Ônibus com 19 brasileiros deixa escola no norte de Gaza e
chega em cidade próxima à fronteira com Egito. / Arquivo pessoal
O ônibus fretado pelo governo brasileiro chegou na escola
durante a noite de ontem sexta-feira (13), mas os coordenadores da missão
avaliaram que seria mais seguro fazer o trajeto durante o dia, na manhã deste
sábado.
Toda a operação tem sido tratada com cautela porque ainda
depende da autorização dos egípcios para a passagem dos brasileiros na
fronteira. Existe a possibilidade da realização de um comboio internacional
para a saída de cidadãos de vários países.
As negociações diplomáticas entre Brasil e Egito para que a
passagem de Rafah seja aberta duram dias.
Questionado sobre a expectativa de abertura da fronteira, o
ministro das Relações Exteriroes, Mauro Vieira, disse: “O ideal seria que fosse
o mais rápido possivel, mas é uma negociação diplomática envolvendo uma crise,
uma guerra, então não sei quanto tempo será necessário para acomodar as
posições.”
Na sexta-feira (13), o assessor especial para assuntos
internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, disse à CNN que há
expectativa de retirada dos brasileiros que estão na Faixa de Gaza ao longo
deste sábado.
“Será preciso ver a possibilidade de passar para o Egito
porque a passagem foi muito danificada, mas se houver possibilidade [de cruzar
a fronteira para o Egito] pode ser que amanhã à tarde mesmo ocorra a
transferência e aí o comboio segue ao aeroporto mais próximo, que não é o do
Cairo”, completou.
Depois de atravessar a passagem para o Egito, o plano é que
os brasileiros sejam deslocados para o Aeroporto de El Arish.
Então, eles embarcariam em uma aeronave da Força Aérea
Brasileira (FAB) no aeroporto para retornar ao Brasil. A FAB enviou na sexta-feira
(13) um voo extra para trazer os brasileiros que estão em Gaza. O VC-2 –
aeronave da Presidência da República – já está em Roma e aguarda orientações.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entrou
pessoalmente nas negociações pelo resgate dos brasileiros na zona mais crítica
do conflito. Ele ligou para o presidente de Israel, Isaac Herzog, e pediu a
abertura de um corredor humanitário entre a Faixa de Gaza e o Egito.
Outros países também negociam com o Egito para que a passagem de Rafah seja aberta para que seus cidadãos deixem o local.