Representação brasileira na Cisjordânia garante que os brasileiros que esperam a abertura da fronteira para repatriação sigam seguros e com acesso a alimentos e água
Brasileiros na Faixa de Gaza (Foto: REUTERS | Arquivo pessoal)
Farinha, óleo, azeite, feijão, arroz, verduras, queijo e xampu. A lista de itens básicos é parte da compra feita por Shahed Al Banna nos arredores de Rafah, na fronteira de Gaza com o Egito, e narrada num vídeo na manhã desta quinta-feira, 26/10 ( veja abaixo ). Os mantimentos foram adquiridos com ajuda do Governo Federal brasileiro, que hospeda Shahed e um grupo de cerca de 30 brasileiros em residências em Rafah e Khan Yunis. Eles seguem aguardando um consenso entre autoridades de Egito, Israel e Gaza para conseguirem cruzar a fronteira e voltar ao Brasil numa aeronave da Presidência da República que está de prontidão no Cairo, no Egito.
Todas as famílias receberam recursos e estão comprando nos mercados locais. Como não há energia para a geladeira, produtos perecíveis não podem ser estocados”
“Conseguimos enviar recursos para que eles façam feira e se protejam da crise humanitária. Todas as famílias receberam recursos e estão comprando nos mercados locais. Como não há energia para a geladeira, produtos perecíveis não podem ser estocados”, relatou Alessandro Candeas, responsável pelo escritório da representação do Brasil, em Ramala, na Cisjordânia.
Nesta quinta-feira, 26 de outubro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com uma das famílias que aguarda repatriação em Gaza . Ouviu o relato do cotidiano de escassez de água, energia, alimentos e medicamentos, além de bombardeios e mortes, em grande parte de crianças. Lula também conversou com representantes do Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos, de Israel e, na oportunidade, condenou ataques contra civis em quaisquer circunstâncias e afirmou estar pessoalmente empenhado na construção da paz, na libertação dos reféns e na abertura de um corredor humanitário.
ACOLHIMENTO - O presidente registrou detalhes da operação de repatriação montada pelo governo brasileiro e ressaltou que serão feitos todos os esforços para que todos voltem e permaneçam no Brasil em segurança. Assegurou aos que estão em Gaza que uma ampla operação de acolhimento está montada no Brasil , sob a coordenação do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Batizada de Voltando em Paz, a operação de repatriação do Governo Federal já garantiu o retorno seguro de 1413 passageiros em oito voos vindos de Israel comandados pela Força Aérea Brasileira . Vieram 1.410 brasileiros, três bolivianas e 53 animais de estimação.
Desde o início da fase mais aguda do conflito em Gaza, o Escritório do Governo Federal em Ramala garantiu transporte de brasileiros das zonas mais perigosas para a zona de fronteira, avisou as autoridades dos países em conflito da localização (para evitar bombardeios), utilizou a verba consular para alimentação, água e remédios e propiciou acompanhamento psicológico para os que estão nessa fase de ansiedade e tensão típicas de uma zona de conflito.
DIPLOMACIA - Em paralelo, a diplomacia brasileira e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguem diretamente envolvidos em tratativas para garantir ajuda humanitária na região, por negociar um cessar-fogo e para possibilitar a abertura da fronteira para que brasileiros, outros estrangeiros e civis que queiram se afastar da zona de conflito tenham a possibilidade. O Brasil preside em outubro o Conselho de Segurança da ONU e tem atuado de forma reiterada para aprovar uma resolução consensual que ajude a levar ao diálogo e à paz na região.
DIÁLOGO PERMANENTE – Desde o início do conflito, o presidente Lula já teve diálogos por telefone com dirigentes dos Emirados Árabes Unidos , de Israel , da Palestina , do Egito , da França , da Rússia , da Turquia , do Irã , do Catar e do Conselho Europeu . No programa Conversa com o Presidente desta semana , Lula enfatizou que vai seguir nessa trilha.
“Se você não falar em paz todo dia, as pessoas esquecem que é possível construir a paz. Esse é o meu papel: tentar criar condições para que a gente sente na mesa de negociação. Estou falando com todo mundo para conseguir três coisas: um corredor humanitário para que as pessoas possam receber água, comida e remédios, garantir que não falte energia nos hospitais para que as pessoas possam ser tratadas e garantir que não se mate mais crianças”.
Imagem ilustrativa