Sob o pretexto de auxiliar terceiros, os falsos ministros solicitavam às vítimas que realizassem transferências via PIX para indivíduos supostamente necessitados
Foi deflagrada nesta terça-feira (6), pela Polícia Civil do
Distrito Federal, a operação “Alto Escalão” visando o cumprimento de oito
mandados de busca e apreensão contra membros de uma associação criminosa especializada
em golpes de fraude eletrônica. A organização criminosa enganava vítimas ao se
passar por autoridades de alto escalão do Poder Executivo do país,
especialmente por Ministros de Estado, clonando perfis do WhatsApp e utilizando
suas imagens, nomes e informações obtidas de fontes públicas.
Um dos mandados foi executado em João Pessoa, no bairro
Valentina Figueiredo. O nome do alvo não foi divulgado.
Os membros entravam em contato com diretores e presidentes de
órgãos públicos e privados, solicitando assistência em diversas situações.
Até o momento, foram identificadas como vítimas do grupo
criminoso diversas autoridades, incluindo os Ministros Jucelino Filho
(Ministério das Comunicações), Camilo Santana (Ministério da Educação), Renan
Filho (Ministério dos Transportes), Rui Costa (Casa Civil), Luiz Marinho
(Ministério do Trabalho) e Carlos Lupi (Ministério da Previdência Social)”,
afirmou a PCDF.
Sob o pretexto de auxiliar terceiros, os falsos ministros
solicitavam às vítimas que realizassem transferências via PIX para indivíduos
supostamente necessitados. Alegavam que os Ministros não podiam efetuar as
transferências diretamente, para não vincular seus nomes a tais pessoas, e
prometiam ressarcir as vítimas após o pagamento.
Em um dos casos, fazendo-se passar por um Ministro de Estado,
os autores contataram o presidente de uma associação comercial no interior de
São Paulo, alegando ter uma demanda na cidade vizinha. Em seguida, afirmaram
que uma pessoa ligada a ele havia falecido naquele local e que precisavam
enviar recursos financeiros para a família. No entanto, alegaram ter
dificuldades para efetuar a transação financeira e pediram que alguém da
associação realizasse em seu lugar, prometendo reembolsar em seguida.
Chama a atenção o fato de que os autores tinham conhecimento
da agenda das autoridades públicas pelas quais se passavam, pois o Ministro em
questão havia tido um compromisso político naquela mesma região, dias antes, e
a associação comercial vitimada havia participado do evento.
Os Ministros lesados procuraram a 5ª DP após perceberem que
seus nomes estavam sendo usados em práticas criminosas.
Após seis meses de investigação, os policiais da 5ª DP, com o
apoio operacional das polícias civis de Pernambuco e Paraíba, e informações de
gabinetes de alguns Ministros que tiveram suas imagens e nomes utilizados
indevidamente, conseguiram identificar dez membros do grupo criminoso, todos
residentes nos estados de Pernambuco e Paraíba.
Na operação realizada hoje, foram cumpridos sete mandados de
busca e apreensão em Recife/PE e um em João Pessoa/PB, nos endereços dos
investigados, com o objetivo de obter novas provas e informações para
aprofundar a investigação.
A polícia ainda trabalha para identificar o número total de
vítimas enganadas e de autoridades públicas usadas pelo grupo criminoso, além
de quantificar o lucro total obtido com os crimes e o destino dado a esses
valores.
Os autores estão sendo investigados pelos crimes de fraude eletrônica e associação criminosa. Por cada fraude cometida, os autores podem ser condenados a 4 a 8 anos de prisão. A pena por associação criminosa é de 1 a 3 anos de prisão.