Presidente está preocupado com o risco de desaceleração da atividade econômica
Visita do presidente Lula ao Parque Olímpico do Rio de Janeiro (Foto: Ricardo Stuckert)Em meio à polarização política que se mantém viva no país, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta duas angústias: garantir um
crescimento econômico maior que as previsões do mercado e melhorar a
comunicação para tentar vencer as barreiras que o governo hoje enfrenta para
alcançar parte da população com vistas às eleições municipais de outubro,
disseram à Reuters fontes governistas.
Existe uma preocupação do presidente com a desaceleração do
crescimento econômico este ano prevista pelos economistas -- de 3,0% em 2023
para cerca de 1,5% em 2024 -- e também com o fato de o governo não estar
conseguindo vencer a barreira da polarização, segundo uma das fontes.
"O que ele tem bem claro é que preciso melhorar a
sensação de bem estar da população. Só isso tem o poder de diminuir a
polarização", disse essa fonte. Para isso, avalia o presidente, é preciso
crescimento, emprego, crédito e mais dinheiro circulando, acrescentou.
Lula tem pressa. Desde o primeiro mandato, o presidente vem cobrando constantemente seus ministros por mais projetos, mais entregas, mais ideias. Até o meio de 2023, a necessidade era retomar programas considerados bem sucedidos em seus mandato anteriores, como Minha Casa, Minha Vida, Farmácia Popular, Fies, entre outros que foram praticamente abandonados no mandato de Jair Bolsonaro.
Este ano, com as eleições municipais, o governo passa por um
primeiro teste para medir o quanto consegue chegar no interior do país.
Agora, Lula quer entregas, inaugurações, e crédito. Segundo
as fontes ouvidas pela Reuters. A pauta legislativa deste ano deve centrar
especialmente em programas e formas de liberação de crédito. Assim como em seus
mandatos anteriores, Lula aposta em colocar recursos na mão da população para
fazer a economia girar.
Mas uma outra angústia central de Lula neste segundo mandato
é a dificuldade do governo em vencer as barreiras da comunicação nas redes
sociais e, principalmente, entre os evangélicos.
Durante a campanha eleitoral Lula teve um boom de apoio nas
redes sociais, em que pessoas com influência trabalharam a favor de Lula e
contra Bolsonaro. Ao assumir o governo, no entanto, perdeu espaço. Se o outro
lado não voltou a dominar o discurso, tampouco o governo tem uma influência
significativa.
Especificamente entre os evangélicos, a aprovação de Lula,
mesmo sendo maior que durante a campanha, estava em 41% segundo a última
pesquisa Quaest, de dezembro, enquanto a desaprovação estava em 54%.
A dificuldade de fazer chegar a mensagem do governo a partes
da população, analisa o presidente, dificulta elevar a sensação de que a vida
está melhorando, segundo as fontes.
Com as eleições municipais de outubro à vista, Lula já
prometeu desde o ano passado que em 2024 passaria a viajar o país, em vez de se
dedicar tanto a viagens internacionais. E tem cumprido.
Na última sexta-feira fez dois eventos em São Paulo; na terça
foram três no Rio de Janeiro e nesta quarta, outros dois. Sem nem mesmo voltar
a Brasília, o presidente segue para Minas Gerais, onde tem agendado outros dois
eventos.
Ministros confirmam que Lula vem cobrando entregas, eventos e
inaugurações nos Estados. No ano passado reclamou que se estava fazendo muita
coisa em Brasília, e queria viajar mais.
Além disso, também pediu que ministros participem de eventos
que não são de sua área, mas que acontecem nas suas bases eleitorais, para
atrair mais gente e fazer espalhar mais informações sobre o que o governo vem
fazendo.
Na semana passada, por exemplo, o ministro da Agricultura,
Carlos Fávaro, participou de entregas do Minha Casa, Minha Vida no Mato Grosso
do Sul. Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, também foi para o
interior de São Paulo fazer entregas.
"O presidente quer volume, quer muita presença dos
ministros para mostrar o que o governo vem fazendo", disse uma da fontes.