PF indiciou Marcel Van Hattem (NOVO-RS) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB) por criticarem delegado da corporação
O diretor-geral da Polícia Federal, o delegado Andrei Rodrigues (foto), reagiu, nesta quarta-feira, 4, às críticas do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que se opõe aos inquéritos abertos para apurar supostos crimes cometidos por deputados que fizeram críticas à atuação da corporação policial. Durante um café da manhã com jornalistas, Rodrigues disse que as reclamações de Lira não vão atrapalhar a apuração da PF.
Lira protestou contra os indiciamentos dos deputados Marcel
Van Hattem (NOVO-RS) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB). “Atrapalhar, zero. Nós não
vamos afastar um milímetro daquilo que nos pauta, que é a Constituição e as
leis. Isso é o que pauta todas as nossas investigações e nos dá a capacidade de
dar respostas ao sistema de justiça criminal”, disse Rodrigues.
Marcel Van Hattem acusou o delegado da PF Fábio Alvarez Shor
de abuso de autoridade e de fraudar relatórios. Shor atua em investigações
envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, como aquela a respeito da tentativa
de golpe de estado no fim de 2022. “Sabe o que todos esses (investigados) têm
em comum? Todos esses perseguidos pela PF? Todos eles divulgaram foto de mais
um abusador de autoridade da PF, Fábio Alvarez Shor”, disse Van Hattem no
plenário da Câmara em agosto. “Não tenho medo de falar e repito. Quero que as
pessoas saibam sim que é esse dito policial, que fez vários relatórios
absolutamente fraudulentos contra pessoas inocentes”, disse o parlamentar
gaúcho.
No final de novembro, o presidente da Câmara se opôs ao
indiciamento de deputados por conta de discursos no Parlamento. “Não se pode
cercear o direito fundamental ao debate e à crítica em tribuna, mediante
ameaças de perseguição judicial ou policial. O Parlamento não é e não pode ser
alvo de ingerências externas que venham a coibir o exercício livre do mandato”,
disse Lira.
“Tenho profundo respeito ao Parlamento, já estive lá algumas
vezes, tenho conversado com o presidente Arthur Lira, com o presidente Rodrigo
Pacheco. Mas precisamos separar claramente aquilo que é liberdade de expressão,
que é a prerrogativa do parlamentar em relação à sua fala, às suas opiniões, do
cometimento de crime”, disse Andrei Rodrigues na manhã desta quarta-feira.
Para o diretor da PF, a imunidade parlamentar não é um
“direito absoluto”. Segundo ele, a Constituição protege o direito à honra.
“Vocês imaginam alguém ir à tribuna da Câmara e começar a anunciar ali a venda
de cocaína, a venda de maconha (…). É aceitável isso? É razoável? É liberdade
de expressão isso?”, questionou Andrei Rodrigues.
Na conversa com jornalistas, Andrei Rodrigues também falou
sobre o andamento das investigações sobre a tentativa de golpe no fim de 2022;
e detalhou planos da corporação para 2025. Segundo ele, a Polícia Federal já
fez novas buscas e apreensões para tentar elucidar outros aspectos do plano
golpista, e deve realizar novos depoimentos de testemunhas por determinação do
presidente Jair Bolsonaro.
Da Redação